Sou preto.
Negro como a noite sem estrelas.
Sou velho.
Velho como as vidas de meus irmãos.
Mas, se sou ainda negro, é porque trago em mim as
marcas do tempo, as marcas de Cristo.
Essas marcas são as estrelas de minha alma, de minha
vida.
Sou negro.
Mas a brancura do linho se estampa na simplicidade do
meu olhar, que tenta ver apenas o lado bonito da vida.
Sou velho sim.
Mas é na experiência da vida que se adquire a
verdadeira sabedo-ria, aquela que vem do alto.
Sou velho.
Velho no falar velho na mensagem, velho nas tentativas
de acer-tar.
A minha força, eu a construí na vida, na dor no
sofrimento como alguns entendem, mas naquela decorrente das lutas, das
dificul-dades do caminho, da força empreendida na subida.
A força da vida se estrutura nas vivencias.
É a medida que construímos nossa experiência que essa
força se apodera de nós, nos envolve e nós então nos saturamos dela.
É a força e a coragem de ser você mesmo, de não se
acovarda diante das lutas, de continuar tentando.
Sou forte.
Mas quando me deixo encher de pretensões, então eu
descubro que sou fraco.
Quando aprendo a sair de mim mesmo e ir direção ao
próximo, ai eu sei que me fortaleço.
Eu sou preto, sou velho, sou humano.
Mas sou humano sem corpo.
Sou como você, sou espírito.
Sou errante, aprendiz de mim mesmo.
Na estrada da vida, aprendi que até hoje, e
possivelmente para sempre serei apenas o aprendiz da vida.
Sou andarilho.
Pelas estradas da vida eu corro, eu ando.
Tudo isso para aprender que, como você, eu sou um
cidadão do universo viajador do mundo.
Sou um semeador da paz.
Sou eu, Pai João de Aruanda
Pub 2016