Zé Pelintra ou Zé
Pilintra |
Falamos até agora sobre os
Orixás,
quem são eles, sobre algumas de suas características e falamos também sobre
os Guias
ou Entidades,
mas de uma maneira geral.
Agora a
disposição é falar um pouco mais sobre determinados
Guias
ou Entidades,
e as suas maneiras peculiares de trabalho.
Zé Pelintra é uma
das entidades que tem um dos comportamentos mais exóticos e interessantes
que já pude presenciar:
Zé Pelintra
(ou
ZÉ PILINTRA)!
Antes de começar
a discorrer sobre o que se conhece desse
Malandro
incorrigível,
mulherengo,
birrento,
arruaceiro, mas de
um coração enorme, é preciso que se entenda que toda
Entidade,
tem uma história, uma cultura, pois foi tão humano quanto nós quando
encarnada.
Após o desencarne
e a consequente espiritualização, poderá ocorrer que sua manifestação venha
a se dar em outros centros regionais di-ferentes do que consta em sua
biografia humana e assim, quando ma-nifestada, poderá demonstrar outras
culturas que não as de sua pro-cedência humana.
Isso quer dizer
que a mesma
Entidade poderá
manifestar-se diferen-temente em lugares diferentes, sem que isso implique
em mistificação.
Tal fato acontece
porque, pela necessidade do ingresso nas falanges espirituais, afim de
prestar seu trabalho nesta nova roupagem, os espíritos, agora desencarnados,
aproximam-se desta ou daquela fa-lange, por simpatia ou determinação
superior, mas guardam caracte-rísticas bastante marcantes de suas
existências materiais.
Zé
Pelintra, tem como característica principal, a malandragem, o amor pela
noite.
Tem uma grande
atração pelas mulheres,
principalmente pelas
pros-titutas,
mulheres da noite,
além de outras características que marcam a figura do
Malandro.
Isso quer dizer
que em vários lugares, de culturas e características regionais completamente
diferentes, sempre haverá um
Malandro.
O Malandro de
Pernambuco dança coco, xaxado, passa a noite inteira no forró.
No Rio de Janeiro
ele vive na Lapa, gosta de samba e passa suas noi-tes na gafieira.
Atitudes
regionais bem diferentes, mas que marcam exatamente a
fi-gura do Malandro.
Isso bem
explicado, vamos conhecer mais de perto esse grande
Cama-rada.
Conheçam essa
maravilhosa entidade: “SEU
ZÉ”.
José Gomes da
Silva, nascido no
interior de Pernambuco, era um negro forte e ágil, grande jogador e
bebedor, mulherengo e brigão.
Manejava uma faca
como ninguém, e enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de
óbito.
Os policiais já
sabiam do perigo que ele representava.
Dificilmente
encaravam-no sozinhos, sempre em grupo e mesmo as-sim não tinham a certeza de
não saírem bastante prejudicados das penden-gas em que se envolviam.
Não era mal de
coração, muito pelo contrário, era bom, principal-mente com as mulheres, as
quais tratava como rainhas.
Sua vida era a
noite, sua alegria as cartas, os dadinhos, a bebida, a farra, as mulheres e
por que não, as brigas.
Jogava para
ganhar, mas não gostava de enganar os incautos, a estes sempre dispensava,
mandava-os embora, mesmo que precisasse dar uns cascudos neles.
Mas ao contrário,
aos falsos espertos, aos que se achavam mais capazes no manuseio das cartas
e dos dados, a estes enganava o quanto podia e os considerava verdadeiros
otários.
Incentivava-os ao
jogo, perdendo de propósito inicialmente, quando as apostas ainda eram
baixas e os limpando completamente ao final das partidas.
Isso bebendo
Aguardente, Cerveja, Vermouth, e outros alcoólicos que aparecessem.
Esta entidade anda
pelo mundo todo, suas manifestações apresen-tam-se em todos os cantos da
terra.
A pouco teve-se
notícia pelos diários, de uma médium que o incorpo-rava nos Estados Unidos.
No Rio de Janeiro
aproximou-se do arquétipo do antigo
Malandro da Lapa,
contado em histórias, músicas e peças de teatro.
Alguns quando se
manifestam, vestem-se a caráter.
Terno e gravata
brancos.
Mas a maioria
gosta mesmo é de roupas leves, camisas de seda, e jus-tificam o gosto
lembrando que a seda, a navalha não corta.
Bebem de tudo, da
Cachaça ao Whisky, fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também
o charuto.
São cordiais,
alegres, dançam a maior parte do tempo quando se apresentam, usam chapéus ao
estilo Panamá.
Podem se envolver
com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual bastante elevada
para resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem proteger
e abrir caminhos.
Têm sempre grandes
amigos entre os que os vão visitar em suas ses-sões ou festas.
Existem também as
manifestações
Femininas da
Malandragem:
Maria Navalha
é um bom exemplo.
Manifestam-se como
características semelhantes aos malandros, dançam, sambam, bebem e fumam da
mesma maneira.
Apesar do aspecto
rude, demonstram sempre muita feminilidade, são vaidosas, gostam de
presentes bonitos, de flores, principalmente as rosas vermelhas e vestem-se
sempre muito bem.
Ainda que tratado
muitas vezes como
Exu,
Zé Pelintra não é
Exu.
Essa ideia existe
porque quando não são homenageados em festas ou sessões particulares,
manifestam-se tranquilamente nas sessões de
Exu
e se parecem com eles.
Há um ponto
inclusive que lembra muito essa amizade entre
Exus
e
Zé Pelintras.
Tranca Ruas
e
Zé Pelintra
são dois grandes companheiros,
Tranca Ruas na
Encruza, e
Zé Pelintra no
Terreiro.
No Nordeste do
Pais, mas precisamente em Recife, ainda que nas vestes de um
Malandrão,
a figura de
Zé Pelintra,
tem uma conotação completa-mente diferente.
Lá, ele é doutor,
é curador.
É Mestre e é muito
respeitado.
Em poucas reuniões
não aparece seu Zé.
Lá vem Zé, lá vem
Zé,
Lá vem Zé, lá da Jurema.
Lá vem Zé, Lá vem Zé,
Lá vem Zé do Juremá.
A
Jurema aqui
cantada é o local sagrado onde vivem os
Mestres do Catimbó,
religião forte do Nordeste,
muito aproximada
da Umbanda, mas
que mantém suas características bem independentes.
Na Jurema,
Seu Zé,
não tem a menor conotação de
Exu,
a não ser quando a reunião é de esquerda, por que o
Mestre
tem essa capaci-dade, tanto pode vir na direita quanto na esquerda.
Quando vem na
esquerda, não é que venha para praticar o mal, é jus-tamente o contrário,
vem revestido desse tipo de energia para poder cortá-la com mais propriedade
e assim ajudar mais facilmente aos que vem lhe rogar ajuda.
No Catimbó,
Seu Zé usa bengala,
que pode ser qualquer cajado, fuma cachimbo e bebe cachaça.
Dança Coco,
Baião
e Xaxado,
sorri para as mulheres, abençoa a todos, que de maneira carinhosa e
respeitosa o abraçam, chamando-o de “Meu
Padrinho”.
Assim é nossa
querida Umbanda,
seus
Guias
e
Entidades
podem se mani-festar em qualquer cultura mantendo sua individualidade.
Dão chance dessa
maneira, de que qualquer um, em qualquer lugar que esteja, possa ter a
oportunidade de conhecê-los e usufruir de seus poderes e força espiritual.
Ah! Seu Zé, que
felicidade tenho em conhecê-lo, quanto já me ensi-naste, quanto já me
ajudaste!
Sua força reside
na amizade que dissemina, na camaradagem que lhe é peculiar, na força
espiritual que possui!
Possa permitir
Deus, meu amigo, que possas sempre estar fortalecido no trabalho da caridade
e que cada vez mais, sua evolução espiritual ascenda, e assim sendo, auxilie
cada vez mais a todos que lhe procu-ram!
Tem gente que me
chama de amigo,
Mas não possui no coração a lealdade,
Se pensam que me enganam eu não me iludo,
Sem lealdade não existe amizade, é só falsidade! |
Alguns
pontos demonstram essa ligação de
Seu Zé com a
Malandragem,
a noite e as mulheres.
De madrugada quando
vou descendo o morro,
A nega pensa que eu vou trabalhar.
Eu boto meu baralho no bolso,
Meu cachecol no pescoço.
E vou pra Barão de Mauá!
Mas trabalhar, trabalhar pra quê?
Se eu trabalhar eu vou morrer.
De dia numa linda batucada
De noite nos braços da amada.
Qual é que é, Seu Zé. Qual é que é?
Eu sei que seu caso é mulher.
Lá no morro é, que é lugar de tirar onda.
Tomando Brahma de meia, jogando baralho e ronda. |
Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras e dos ter-mos
com os quais são compostos os pontos e cantigas dessa entidade.
Assim é ele,
simples, amigo, leal, verdadeiro.
Se você pensa que
pode enganá-lo, ele o desmascara sem a menor cerimônia na frente de todos.
Apesar da figura
do malandro, do jogador, do arruaceiro, detesta que façam mal ou enganem aos
mais fracos.
Sempre que estiver
no aperto, grite por Seu Zé, ele com certeza estará bem próximo para lhe
ajudar.
Salve a
Malandragem.
Pub 2017
Oferendas |
O que é Zé Pelintra
Entidade de luz que trabalha
nas religiões, como a Umbanda e o Can-domblé.
Na linha dos
Malandros, boêmio rei da malandragem, no Catimbó é tido como mestre.
Por trabalhar na
esquerda, habitualmente se apresenta na linha dos Exus.
Caridoso, Zé
Pelintra não incorpora em médiuns que possuam qualquer tipo de comportamento
desviado, procurando sempre por pessoas iluminadas.
Sendo assim,
podemos dizer que ele é capaz de mudar a vida de uma pessoa para melhor por meio
de seu poder de cura e seus conselhos.
Oferendas
Farofa, linguiça, sardinha,
abóbora e outros alimentos sempre são muito bem-vindos.
Além disso, por
causa de seu lado boêmio, uma cerveja bem gelada cai muito bem e agrada bastante
a entidade.
Nesse cenário,
velas, cigarros, jogos e moedas também satisfazem Zé Pilintra.
Como fazer um agrado
para
Seu Zé Pelintra?
Ebó para Zé Pelintra
Passo a passo para a oferenda
dar certo.
Num prato de
papelão de tamanho médio, coloque arroz com lentilhas e tiras de cebola frita,
três fatias enroladas de presunto defumado e farofa de ovo.
Tudo isso deve ser
acompanhado de um copinho pequeno de papelão com um pouco de cachaça.
Onde deixar oferenda
para Zé Pelintra?
Coloca nos pés de Malandros e
Maria Navalha e dizem ser oferendas.
As oferendas tem
que ser preparada por você com suas mãos.
Qual a saudação de Zé
Pelintra?
Saudações
Salve Seu Zé Pelintra!
Salve os
Malandros!
Salve a
Malandragem!
O que o Zé Pelintra
gosta de beber?
Primeiramente, sabe-se que Zé
Pelintra gosta de bebidas alcoólicas bem fortes.
Também fala-se
sobre sua preferência por bebidas de coco como ba-tidas e caipirinhas.
Aliás, ainda
fazendo referência às suas características boêmias que adoram bares e botequins,
outra bebida muito apreciada por Zé Pelintra é a cerveja.
Como oferecer bebida
para Zé Pelintra?
1 batida de coco ou bebida a
base de coco alcoólica
1 vela branca
1 copinho de vidro
1 cigarro de filtro vermelho ou
1 incenso de rosa vermelha.
Quais são as ervas do
Seu Zé Pelintra?
Alfazema, alecrim, guiné,
eucalipto, folha de laranjeira, arruda, jasmim, tapete de oxalá e levante.
Quem é a mulher do Zé
Pelintra?
Se tinha uma mulher que Zé
Pelintra amava essa mulher sem dúvidas era Maria Navalha.
A mulher era tão
boa na lábia quanto o homem, enquanto Zé pensava em bater com as pernas no
botequim Maria já estava lá sentada a sua espera.
Como foi a morte de
Maria Navalha?
Era uma alma generosa dentro
do corpo de uma guerreira.
A primeira parte
da vida desta mulher terminou numa noite sem Lua.
Ao cruzar um beco
foi surpreendida por trás e levou uma fatal facada de um inimigo.
Morreu na rua onde
viveu e trabalhou.
Qual a história de Zé
Pelintra
e Maria Navalha?
Zé Pelintra sempre ao meu
lado, e ensinando a levar a vida do dia a dia, com ele aprendi a jogar, lutar e
a viver, com essa navalha aprendi tudo.
Esse homem que
apareceu e misteriosamente sumiu se chama Zé Pelintra da Lapa.
Hoje sou conhecida
como Maria Navalha da Lapa.
Fonte: Google e Páginas da Internet
Pub 2022
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