A
Prisão
Diz-se que, quem beija a tua boca,
Pintada de corais do mar profundo,
Vai ter uma má sorte, sorte louca,
De nunca mais ter paz no vasto mundo.
Diz a lenda que até um moribundo
Gritará, com pavor, numa voz rouca,
Dizendo que esse beijo é coisa pouca,
Que não chega um momento, um só segundo.
Por muito amor que haja, dentro do peito,
Cuidado que o feitiço é tão perfeito,
Que, quem, do beijo, provar um só travo,
Perderá, para sempre, a liberdade,
Só terá vida triste de saudade,
Não deixa nunca mais, de ser escravo.
António Barroso (Tiago)
Portugal
|