Pela minha vida tu passaste,
frio, rápido e insensível aos meus
inconformados apelos...
Apenas um olhar breve e
vazio...
Na tua peculiar linguagem,
dizias
coisas que eu só as entendia depois
de longo passar.
No prazer, sempre alucinado
corrias...
Na tristeza, a pressa perdias, ficavas
calado, como a sorrir do meu sofrer...
E preguiçosamente desfiavas as
horas...
Hoje já não me importo tanto
contigo!
Ofereço-te, tão somente, o canto final
dos meus definitivos versos...
Agora, Amigo, vales apenas o
pouco que
de ti ainda resta em mim...
... e na eternidade morrerás
na angústia
da tua infinita existência...
Hoje sou eu quem se diverte...
Na tua distração absoluta, fui eu quem
te superou!
Jovem, distribui tudo que de
belo havia em mim...
Contenta-te agora apenas com o que restou!
Alguns sonhos vazios...
Um vago olhar descrente...
Um corpo exaurido nos prazeres da vida...
Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ -
31/12/2006
Fundo
Musical: Oaxaca - Ernesto Cortázar
|