Olhar sonhador de menino que pelo tempo ainda
corre embalado pelo ronco dos motores da vida.
Emoções repartidas entre anônimos admiradores na
ânsia incontida de superar o próprio tempo.

Amores vividos na generosidade das curvas humanas
que, às vezes louras, por vezes morenas, disputavam
a nobreza do teu coração.

Tamburello...

Curva final onde uma plateia estarrecida
e incrédula, testemunhava os despojos de fugidia
vida. Máscara indecifrável do teu olhar já sem luz.

O ronco silencioso dos motores, consternados e
solidários, passavam já desprovidos de energia
curvando-se à dor da imensa saudade que nascia.

Brilho marcante dos teus olhos, no podium da vitória,
onde, irreverente, espargias sobre nobres ou plebeus,
jatos suados de champanhe.

Nuvens quentes de sonhos
arrastadas pela alucinante velocidade da inquietude.

Estrela maior de uma constelação que, ainda hoje, tenta,
inutilmente, desvendar o segredo das curvas, ora fechadas
ora abertas, das pistas finitas da vida...

Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 06/05/2004