A madrugada
desperta e, com ela,
nasce uma doce sensação de paz.
A vida parece se ausentar...
Da janela
observo o dormir silente
das árvores que descansam da dura
rotina de brincar com o vento...
Galhos frondosos
a elas emprestam
formas graciosas, como se infantis
traços as tivessem desenhado.
O destino, na
figura de mulher, o meu
olhar subjuga...
Acompanho seu
cadenciado chegar.
Parece que o mundo se concentra
nesses passos que vagam pela noite
a compor um indefinido sentimento.
Sua figura,
protegida pela noturna
sombra das árvores, agora se esconde,
como a me espreitar...
Seus passos
também se calam...
Por fim a
própria vida se cala, fecho
os meus olhos e, num último sorriso,
agradeço resignado esta forma tão
sublime de partir.
Nos braços da
madrugada, como nos
velhos tempos em que neles eu brincava
de amar...
Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 16/07/2006
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