Recebi em 14/12/2024 |
Estou inquieto, pois já nem as recordações me falam, até as flores me escondem as emoções e todas as pétalas se calam. A brisa, perpassando na folhagem, deixa a palavra para trás, nada faz para findar o silêncio da própria aragem, ou que um só murmúrio fique a bailar. Estou inquieto, porque não posso expressar o que, na alma, se tece, tudo aquilo que acontece em meu redor. A estrela com quem eu falava, com amor, agora, apenas pisca e fica muda, e a palavra fica retida no silêncio do universo. Assim, meu pobre verso, tão sem jeito, sem medida, já não tem a palavra como ajuda. Vejo a ave voando, no jardim, soltando, talvez, um pequeno gorjeio, mas o seu canto não chega até mim porque, pelo meio, a palavra esbarra num silêncio completo, e eu tenho medo, sendo, da palavra, tão amigo, que ela parta, em segredo, mais nada queira comigo. Estou inquieto... António Barroso (Tiago) ![]() |