A recompensa de uma boa ação
 


Certa vez, quando eu era funcionário do Banco do Estado de São Paulo, em Goiás, estava na agência exercendo uma função de su-pervisor, nesta época era responsável pelos caixas e outros setores dentre os quais o de Ordens de pagamentos.

Todos nós sabemos, sempre que alguém remete uma ordem de pa-gamento e nos avisa, já corremos para o banco, pois a necessidade muitas vezes é premente.

Naquela manhã observei quando uma jovem dirigiu-se ao caixa e voltando assentou-se em um sofá.

Por questão de horas eu observava a tristeza daquela senhorita, até que resolvi perguntar a um caixa o que ela aguardava, e após ouvi-lo, dirigi-me a ela e perguntei, em que eu poderia ser-lhe útil, ela começou a chorar e dizer: “Sou uma moça pobre de São Paulo, não tenho parentes aqui, estou passando necessidades e minha mãe me comunicou ter me enviado uma ordem de pagamento, e eu não tenho como sair daqui sem o dinheiro para acudir minhas neces-sidades. O caixa disse que nada chegou, e que verificando, a mes-ma foi extraviada para outra agência”.

Naquele  momento o amor falou dentro de mim, não pensei se seria certo ou errado pagá-la sem ter nada comprovando, assumindo o risco imediatamente pedi a um caixa que efetuasse o pagamento, o que foi feito.

Ela ficou muito contente foi-se embora, eu senti alegria por ter praticado uma boa ação.

Não preocupei se chegaria ou não a ordem de pagamento, fiquei em paz e mais tarde a ordem chegou.

Dias depois encontrei a jovem próxima de uma Biblioteca a qual me cumprimentou, me chamando pelo nome, apenas novamente me agradeceu dizendo que jamais esqueceria daquela minha atitude.

Ainda disse que estava cursando enfermagem em nossa cidade.

Passaram-se os anos e em dias e mês de dois mil e um, tive uma crise de taquicardia que quase me levou a óbito e meu coração que já é fraco pela cardiopatia grave, só voltou ao que posso chamar de normal (porque suas batidas sempre foram fracas) através de cho-que.

Neste estado grave, fui para UTI do Hospital Evangélico de Aná-polis e para minha surpresa no meio de centenas de enfermeiras daquele grande hospital escola, veio cuidar de mim aquela já for-mada enfermeira que antecipei sua ordem de pagamento.

Talvez no meu estado de sofrimento eu não a reconheceria, mas ela se aproximou e disse: “Senhor Valeriano, o que aconteceu?

Olhou para suas colegas e disse: “Cuide bem dele!Este senhor me fez um favor que na hora da minha grande aflição aliviou meu sofrimento. Façam tudo de bom para ele!

Quem já teve em UTI, sabe que é um ambiente muito triste, mas aquelas enfermeiras, me contavam histórias, cantavam dizendo que era para não percebermos a  tristeza do ambiente, parecem ter me dado um tratamento imerecido.

Aquela enfermeira não percebeu que eu a vi contando para as outras.

Durante o tempo que lá estive, ela me tratou como uma boa filha trata seu pai, além de me dar ótimos conselhos sobre minha saúde.

Que Deus a pague com muitas bênçãos, pois nunca mais a vi.

Valeriano Luiz da Silva
Anápolis - GO


 

 
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