Um dos conceitos intrigantes de Jesus é Sua
proposta de, quando al-guém nos bater em uma face, oferecer a outra.
Ao analisarmos literalmente tal passagem contida nos
Evangelhos, ve-mos ser irracional ficar oferecendo a face para que outro,
tomado de violência, nos agrida fisicamente.
Conclui-se, pois, que Jesus não estava nos falando do
aspecto físico da bofetada, e nem nos recomendando nos colocarmos,
indefesos, frente à violência alheia.
É natural que a ofensa a que Jesus se referia era a do
aspecto moral, emocional. São as bofetadas que levamos pela agressão verbal
do próximo, pelo discurso provocativo do outro ou, ainda, pelo verbo voraz
de quem se nos acerca.
Oferecer a outra face, diz-nos, na intimidade, para
oferecer outra possibilidade em nossos relacionamentos, outra maneira de nos
con-duzir em relação ao próximo.
São frequentes as dificuldades que temos ao nos
relacionar, por exemplo, com alguém de nosso meio familiar. Às vezes, nossas
obser-vações e frases que em qualquer momento parecem tão naturais, com os
familiares se transformam em contenda ou dissensões, brigas e altercações.
Nesses momentos é que se faz necessário oferecer a
outra face. Se nos surge um relacionamento difícil, seja na família, no
trabalho, no ambiente social, não há nada melhor do que nos propormos a
modifi-car a situação.
Experimentemos, nessas oportunidades, abordar de
maneira diferen-te a pessoa, respeitar posicionamentos, entender valores,
compreen-der suas ações.
Ao modificar nosso olhar a respeito das atitudes de
quem nos irrita, estaremos oferecendo uma nova face para o relacionamento.
Se somos nós os capazes de irritar o próximo,
alterando o ambiente de convivência, a ponto do relacionamento ser difícil,
proponhamo-nos oferecer a outra face.
Evitemos, na presença de quem nos é difícil, as
situações que provo-quem contendas. Evitemos assuntos, valores ou
posicionamentos ex-tremos.
Sem a necessidade de fingir, mentir ou dissimular,
ofereçamos ma-neiras mais amenas e suaves, nova possibilidade de
comunicação, co-mo quem mostra a outra face de um mesmo rosto.
A vida é um convite constante de aprendizado no
relacionamento hu-mano. E somente através da vida de relação teremos o
ensejo de aprender a amar ao próximo.
Quando exercitarmos o perdão, a compreensão, o
entendimento para com o próximo, estaremos no aprendizado do amor.
E sendo Amar ao próximo como a si mesmo a maior Lei de
Deus, per-cebamos que, todos os dias, a vida está a oferecer chances para
que o sentimento amor, nas suas mais variadas vertentes, possa ganhar raízes
na intimidade de nosso coração.
Pensemos nisso.