Necessidade de reforma

Recebi em 24/09/2009


Vivemos tempos tormentosos.

Há guerras em várias partes do mundo.

Em nosso país, o cenário político e social é desolador.

Entre denúncias de corrupção e de venalidade, resta pouca fé nos ho-mens públicos.

A impunidade instiga novos desmandos.

O povo se mira nas figuras eminentes e procura encontrar no compor-tamento destas, justificativa para seus próprios equívocos.

Levar vantagem parece um objetivo que se generaliza pelo corpo so-cial.

A ideia do sucesso como resultado de um esforço continuado e metó-dico torna-se pouco sedutora.

O famoso “jeitinho brasileiro” não mais significa criatividade, mas es-perteza e falta de caráter.

Muitos se indagam: Haverá futuro para uma sociedade assim consti-tuída?

A história nos fornece inúmeros exemplos de civilizações que se cor-romperam.

Em Roma, no período do Império, os costumes e os valores degenera-ram.

O filósofo e jurista Marco Túlio Cícero era profundamente angustiado com esse estado de coisas.

Deixou inúmeros escritos que denotam sua preocupação com a corru-pção que invadia a vida pública romana.

Ele se preocupava com medidas populistas frequentemente adotadas pelos governantes.

Tais medidas atendiam a caprichos da multidão, mas sem educá-la ou destiná-la a trabalho útil.

Quem trabalhava era fortemente tributado, a fim de que largos bene-fícios fossem concedidos pelo estado.

Era, já naqueles tempos, a prática do assistencialismo, às custas dos contribuintes.

Mas o que mais indignava Cícero era a corrupção e a troca de favores envolvendo o dinheiro público.

Ao refletir sobre os vínculos fraternos, ele afirmou: “A primeira lei da amizade é não pedir nem conceder nada de vergonhoso.”

Disse ser uma desculpa indigna, em qualquer falta, admitir que se agiu em favor de um amigo.

Bem se percebe a semelhança com a situação brasileira atual.

Ainda vivemos sob o regime do compadrio.

O dinheiro público é rateado entre alguns, como se fosse particular.

A humanidade evoluiu muito sob o prisma intelectual e científico, nesses dois milênios.

Mas, embora alguns avanços, permanece titubeante no que tange à moralidade.

Em consequência, o mundo segue conturbado e carente de paz.

Na verdade, todos sofremos em razão da falta de ética.

A inadimplência faz com que os preços de produtos e serviços sejam maiores.

O desvio do dinheiro público dificulta a construção de creches, esco-las e hospitais.

Se queremos viver num mundo melhor, devemos nos empenhar em promover uma reforma ética.

E toda mudança começa no indivíduo.

Para que a sociedade melhore, cada um deve esforçar-se em se apri-morar.

É imperativa a adoção de novos hábitos.

Chega de procurar levar vantagem, de fugir dos próprios deveres.

Basta de mentir, fraudar, sonegar e trair.

O patrimônio público é sagrado e todos são responsáveis por ele.

O dinheiro público não existe para ser apropriado por alguns, mas para atender demandas relevantes da coletividade.

Impõe-se a severa fiscalização de sua utilização, como o cumprimen-to de um dever.

Quando formarmos uma sociedade consciente de seus deveres, ape-nas por isso já desfrutaremos de grande tranquilidade.

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Texto da equipe do site www.momento.com.br

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