Diante do amanhã

Recebida em 29/04/2014


São compreensíveis os cuidados que todo ser humano adota em seus negócios e afazeres mundanos, com vistas à própria tranquili-dade.

Ele organiza com esmero a casa em que vive.

Protege as vantagens imediatas de sua parentela.

Preserva de forma apaixonada a segurança dos filhos.

Atende, com extremado carinho, ao seu grupo social.

Valoriza o que possui.

Arranja habilmente o leito calmo e confortável.

Seleciona com gosto os pratos que compõem o cardápio do dia.

Defende, como pode, a melhoria de suas rendas.

Aspira a conquistar um salário mais amplo.

Garante o seu direito à frente dos tribunais.

Vasculha com avidez o noticiário para saber o que ocorre no mun-do.

Procura, com pontualidade e respeito, os serviços de médicos e dentistas.

Vai ao cabeleireiro.

Escolhe com atenção o filme que deseja ver.

Examina a moda, ainda que com simplicidade e moderação, como quem cumpre um ritual.

Interessa-se por ocorrências políticas e as questiona.

Discute de modo veemente a eficiência dos serviços públicos.

Tenta, até de forma instintiva, influenciar opiniões e pessoas.

Desvela-se em atrair a simpatia de colegas de trabalho, chefes e subordinados.

Observa, a cada instante, as condições do tempo.

Todos esses comportamentos são compreensíveis, normais e mes-mo úteis.

Eles traduzem preocupações naturais da existência terrena.

No entanto, é preciso cuidado para não transformar questões tran-sitórias e instrumentais no objetivo da vida.

Os pequenos interesses e comodidades do dia-a-dia são relevantes, em certa medida.

Mas o apego a eles não pode justificar o descuido com questões magnas da experiência humana.

É compreensível que alguém gaste tempo na busca de conforto, se-gurança e bem-estar material.

Mas é incompreensível que não dedique alguns minutos de seu dia para refletir sobre a transitoriedade dos recursos humanos.

Afinal, absolutamente nada do que é material poderá ser levado no retorno à pátria espiritual.

Não há conquista, cuidado ou dedicação a algo físico cujo resulta-do perdure mais do que algumas décadas.

Na jornada para o Além-túmulo, somente os bens do Espírito se-guem na bagagem.

Da mesma forma que, ao renascer, apenas são trazidas as conquis-tas espirituais, entre elas as virtudes e inteligência.

Não se trata de convite a fixar a mente na ideia obcecante da mor-te.

Mas de concluir que, nessa ou naquela convicção, ninguém foge do porvir.

O Senhor Jesus afirmou: Andai enquanto tendes luz.

Isso quer dizer que é preciso aproveitar a luz do mundo para acen-der a luz do próprio íntimo.

Pense nisso.

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Redação do Momento Espírita, com base no cap. LXV, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
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