A religiosidade é inerente ao homem.
Sob as mais diversas formas e em todas as épocas, a
Humanidade procurou relacionar-se com a Divindade.
Por muito tempo imperou a ideia de que Deus deveria
ser temido.
O Criador era apresentado, por muitas tradições, como
cioso e vin-gativo.
Jesus reformulou esse conceito, ao falar em um Pai
amoroso e jus-to.
Convidado a indicar o maior mandamento da Lei Divina,
Ele senten-ciou:
Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de
todo o Espíri-to.
E também amar ao próximo como a si mesmo.
É interessante anotar que, ao invés de um, o Cristo
apresentou, de uma vez, dois mandamentos.
Um fala em amor a Deus e o outro em amor ao próximo.
Isso prova que tais comandos são entrelaçados.
O amor ao próximo complementa o amor a Deus e
vice-versa.
Segundo o Mestre Nazareno, Deus deve ser amado com
todo o cora-ção, toda a alma e todo o Espírito.
Percebe-se ser esse amor algo muito intenso e
profundo, que recla-ma a criatura por inteiro.
O sentimento por si só não basta.
Quando se quer enfatizar o aspecto emocional, fala-se
em coração.
Mas à Divindade não se deve dar apenas o coração.
Todo o Espírito necessita estar empenhado nessa
relação.
Segundo o dicionário, um dos significados de Espírito
é o conjunto das faculdades intelectuais.
Cuida-se de uma acepção até certo ponto comum.
Muitas vezes se afirma que uma pessoa tem espírito.
Essa expressão indica que ela é inteligente,
perspicaz, possui racio-cínio rápido.
Conclui-se que o amor a Deus envolve razão,
discernimento, intele-cto.
O Espiritismo ensina que Deus é a inteligência
suprema, causa pri-mária de todas as coisas.
Não se trata de uma personalidade, à semelhança dos
homens, mas de uma Consciência Cósmica.
O apreço por uma personalidade humana, frequentemente
vaidosa, pode ser demonstrado por gestos exteriores.
Em relação à Consciência Cósmica, despida de
características hu-manas, isso não se dá.
Como Deus é a Inteligência Suprema do Universo, o amor
por Ele implica o esforço por desenvolver a própria inteligência.
Assim, a religiosidade é incompatível com o cultivo
deliberado da ignorância.
Deus brindou Suas criaturas com dons maravilhosos, os
quais preci-sam ser valorizados.
O dom que distingue os homens do restante da Criação é
a sua in-telectualidade desenvolvida, a sua razão.
O amor a Deus pressupõe respeitar o Mundo e os seres
que Ele cri-ou.
E também, logicamente, o esforço para entender esse
Mundo e as leis que o regem.
Tudo no Universo é progresso e metamorfose.
Espécies animais e vegetais, as sociedades e as leis
humanas, tudo se altera e aperfeiçoa.
O papel de cada homem é colaborar nesse processo de
aprimora-mento.
Para isso, necessita burilar seu intelecto.
Ao crescer em entendimento e compreensão, enche-se de
admira-ção pela grandeza e pela sabedoria Divinas.
Mas o amor ao próximo complementa o amor a Deus.
As faculdades desenvolvidas pelo estudo e a observação
devem ser utilizadas em benefício do semelhante.
Assim, para bem cumprir o mandamento do amor, procure
desen-volver sua inteligência.
Estude uma língua, faça um curso, leia um livro,
ilustre-se.
Encante-se com as maravilhas que o cercam.
E utilize seus talentos em favor do próximo.