Recebi do Poeta Valeriano em 10/09/2005
Canção da Mamãe Herivelto Martins e David Nasser
Mãe, muito obrigado
Autor: Valeriano Luiz da Silva
Obrigado por você me ter gerado Obrigado por nove meses me ter
carregado Obrigado pela preocupação que te tenho dado Obrigado pela lavação das minhas fraldas
Obrigado pelas primeiras palavras a mim ensinadas
Obrigado, pois quando me geravas passaste quase todo tempo acamada... Quantas vezes deixava de andar por estar com as pernas inchadas
Outrora você me corrigia, mas depois tinha as lágrimas derramadas,
Obrigado pelos conselhos que a mim foram dados Obrigado pelo exemplo de vida em
mim gravado Muito do que sofro, foi porque seus conselhos foram rejeitados, Quantas vezes dentro de mim me sinto culpado
Ah! Se a vida voltasse, por outros caminhos eu passasse, Mas parece que a vida da gente no mundo já vem traçada Obrigado, pois mesmo sendo adulto
por mim tens chorado, Quantas noites de insônia por minha causa tens enfrentado
Mãe obrigado por você sendo analfabeta me fez um homem letrado...
Mãe me perdoe e obrigado porque meus colegas não foram a ti apresentados Porque eu sabia que és mulher simples e meus colegas de mim teriam zombado
Mãe obrigado pelos dias que eu desaparecia e deixava você preocupada
Mãe muito obrigado pelo dia que me encontraste embriagado
E no teu ombro me colocaste com tanto cuidado Mãe muito obrigado pelo dia que descobriste que eu estava drogado Sem ter condição pagava o que eu comprava fiado
Mesmo com meus defeitos você só tem me elogiado Obrigado porque na prisão tens sempre me visitado O vício impediu que bom cidadão eu me tornasse
Nem assim tu me deixaste nem de mim envergonhaste
Mãe estou colhendo o que plantei Nos teus conselhos às vezes pensei, mas preferi os alheios,
Lembras quando a turma chegava e escondido eu sumia Oh! Filho ingrato! não sabia que o coração da mãe doía?
Que saudade daquele tempo junto com meus irmãos
Você nos dava comida, ensinava a lição e a fazer oração, Mãe, o tempo não volta e o arrependimento me corta, Aqui no presídio só no dia da tua visita
minha alma se conforta
Quantas vezes me jogam na solitária Não tenho com quem falar, mas ouço tua voz diária:
Vai Com Deus filho, juízo filho, ou Mãe extraordinária!
Amigo sumiu, o vício me destruiu, verme me engoliu, e o médico me despediu,
Mãe talvez eu tenha só minutos de vida
Sou um moribundo atrás das grades vigiado pelas autoridades Quem sabe daqui a pouco as últimas palavras falarei com as
grades Mãe tenho um pressentimento, que logo partirei para a eternidade,
Deste mundo não levarei saudade
Peça aos jovens que não troque a felicidade, Pelos vícios deste mundo de maldade Mãe minha voz está sumindo, já estou
indo, muito obrigado.
Anápolis Go 23/04/04
valerianols@globo.com www.albumdepoeta.com
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