Minha dor,
deixo-a exposta..
Pode ser
que algum desavisado
por pura falta de amor,
por nunca ter sido amado
a queira aumentar,
recrudescer,
não importa!
Deixo-a no vento,
quarando os momentos
difíceis de soltar..
Tantas guerras,
tanta labuta
que dentro de mim,
não enxuga,
nem vejo amainar.
Precisa ser assim,
colocada lá fora
mesmo
que a queiram diminuir,
denegrir, ridicularizar.
Corro o risco
porque preciso.
Ela me entala, me enforca
e enclausurada em mim,
já não tem como ficar!
***
Catarse
Guida Linhares
Exposta a tua dor,
tristemente pendurada no varal.
Cada roupa espelha
o sofrimento da tua alma,
tão arraigado que vento algum
conseguirá arrancar.
Chora a família, lágrimas de sangue,
trazendo na face o estupor.
Olhar perdido, o soldado
morre aos poucos,
pois o seu ideal de liberdade
foi usurpado pelo domínio
dos poderosos.
O sangue de sua face,
respingos do horror da morte,
terá de ser lavado
com a água da angústia
de ter sido convocado,
para matar ou morrer.
Triste destino de um jovem,
arrancado dos braços familiares,
para obrigações militares...
oxalá sobreviva e volte
para pendurar bandeiras de paz
no varal de quimeras.
***