Dueto: Canção de Ninar
 
Recebi em 11/08/2024


 

Canção de Ninar - Poeta Jorge Humberto

E é tal o desatino - em vão -,
que a criança quando implora,
pede a Jesus Menino, perdão,
pela sua alma, enquanto chora.

A criança que vive na rua,
aprende a sobreviver à razão,
não lhe a tirem porque é sua,
não lhe roubem a emoção.

A sua casa são os companheiros,
que com ela, de dão em dão,
vão nas ruas, dias inteiros,
a pedinchar por um pouco de pão.

E á noite, quando se vai a deitar,
num amontoado de papelão,
não se esquece, ao meditar,
dos que com ela partilham o desvão.

Jorge Humberto
*Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com a antiga ortografia.

Criança - Poeta António Barroso (Tiago)

A criança quando implora
uma migalha de pão,
a lágrima que a alma chora
cai-lhe na palma da mão.

Criança que anda na rua
que nem sequer sabe o nome,
chega a noite, à luz da lua,
sabe apenas que tem fome.

Se num lugar abrigado
criança se vai deitar,
puxa, com muito cuidado,
papelão pra se tapar.

Quando se perde a esperança
na vida feita em farrapos,
há saudades da criança
jogando a bola de trapos.

António Barroso (Tiago)


Anterior Próxima Duetos Menu Principal