Tirei meu Registro Geral (RG) em 1963, ao completar 18
anos. Muitos
anos se passaram desde então.
Ao completar 65 anos tentei tirar os documentos que me per-mitiriam,
por lei, utilizar os meios de transporte gratuitamente; aventurei-me, também,
a abrir uma nova conta num banco perti-nho de minha casa; e, ainda,
arrisquei
tirar o passaporte. Nada consegui, pois meu RG foi recusado por vários órgãos,
a pretexto de, por ser muito antigo, não ter mais validade.
Nunca, em toda a minha vida, eu ouvira dizer que um registro geral
poderia perder sua validade. Mas, como tudo na vida muda - e não adianta
querer reclamar - dirigi-me ao Poupatempo de Santo Amaro para
tirar outro
documento atualizado.
Ao entrar no Poupatempo (que eu não conhecia), reparei que haviam
pintado, no chão, uma faixa azul. A mesma percorria os corredores e também
iam em direção a alguns guichês.
Curiosa, perguntei a uma funcionária o que significava
aquela faixa
simplesmente pintada no chão, e ela me respondeu que era
para orientar o
portador de deficiência visual. Evidente e visível o seu equívoco, mas
isto me
fez constatar um fato que me deixou perplexa: inacreditavelmente um
órgão
do governo com a destina-ção do Poupatempo não tem, em seu piso, a sinalização tátil.
A sinalização tátil é obrigatória por lei e serve para orientar o portador
de deficiência visual, alertando-o ou direcionando-o.
O piso de orientação compõe-se de pequenas esferas em alto relevo e
o piso de direção contém sinais específicos, retangulares,
igualmente salientes, que acompanham a direção da faixa. Ambas as sinalizações devem ter
cor
e textura contrastante com a do piso adjacente.
Quanto ao atendimento prestado a mim pelos funcionários do Poupatempo, não tenho nenhuma queixa, fui muito atendida por todos eles com carinho educação; e em poucos dias consegui ter em mãos meu novo RG.