Aborto, SIM ou NÃO?


      O ideal seria que os órgãos governamentais, igrejas e escolas conscientizassem a população de nosso país, através de  cursos, palestras e aula, da necessidade de se precaver contra todo o mal que pode acorrer ao manterem um relacionamento íntimo sem o uso do preservativo.

      Mas, infelizmente, isso não acontece, e o que acaba ocorrendo é que indivíduos despreparados, ao terem um relacionamento amo-roso, acabam contaminados por doenças infectocontagiosas ou por gravidezes indesejadas.

      Vemos jovens morrerem precocemente derrotados pelo vírus da AIDS, mulheres de todas as idades, desesperadas por estarem grávidas sem o desejarem. Observamos alto índice de mortalida-de por procurarem se livrar de seu feto mediante a intervenção de curiosos despreparados.

      Se a mulher grávida não deseja o filho que se encontra em seu seio, não aceita a obrigação de tê-lo, por que, não dar ela o direito à escolha? Ao aborto?

      Que direito temos de impor uma responsabilidade desse porte a alguém que não quer ter um filho? Que direito temos de impor-lhe a maternidade?

      Muitas mulheres que são forçadas a levar a termo uma gravidez indesejada acabam por abandonar seus bebês à sua própria sorte. Para alguns deles o destino reserva instituições substitutivas da fa-mília, mas para outros há a desdita de serem abandonados na rua. Ali viverão perambulando, sem amor, sem amparo, sem calor humano e sem o aconchego de um lar. Comerão o mínimo indispen-sável e assim mesmo, só o que lhes for dado. Muitas vezes revolve-rão lixos em busca de comida para matar a fome; passarão frio; dormirão ao relento ou em baixo de viadutos e fatalmente acaba-rão pedindo esmolas. Trabalharão para as mães de rua, mendigan-do, e por conta de alguns trocados receberão uma pseudoproteção e uma falsa segurança que elas lhes oferecem.

      Com o passar dos anos, algumas crianças tornar-se-ão assaltan-tes, cheiradores de cola, viciados em toda sorte de drogas, ou, ain-da, traficantes.

      Para vender o seu produto, se farão passar por estudantes ou se postarão nas portas das escolas e, camuflando a droga em forma de doces, passarão a dá-las aos nossos filhos colocando-os em ris-co.

      Isso está certo? Creio que não! Onde fica direito da mãe, que carregou com ternura e amor, durante nove meses, em seu ventre, o filho amado? Dos pais que desejaram com ardor esse filho e por eles lutam, às vezes com dificuldade, para lhes dar educação e um lar cheio de carinho?

      Creio que deva ser dado à mulher o direito de escolha, pois ela sabe exatamente o que é melhor para si.

      Para aquelas que desejam o aborto, não adianta querer doutri-ná-las, falando que o feto já possui uma alma, que é pecado ou que é crime, pois nada as fará mudar de ideia. Elas não deixarão de fazê-lo por medo das consequências legais ou por convicção re-ligiosa.

      Muitas mulheres morrem e outras ficam estéreis por recorre-rem a curiosos que se auto denominam profissionais, fazem o abor-to em lugares impróprios, sem nenhuma higiene, sem esterilização dos aparelhos, pior de tudo, sem um atendimento de retorno, em caso de necessidade. Esses pseudo “profissionais” trabalham tendo em vista unicamente o dinheiro e não o bem-estar da cliente abor-tante.

      Sou a favor do aborto e de sua legalização. Se ele não for lega-lizado, continuará sendo feito às escondidas.

      Então, se o aborto, nesses casos, será fatalmente feito, que se-ja feito em clínicas regulares especializadas, hospitais ou em luga-res apropriados, todos com atendimento, preparação, higiene, cui-dados e medicamentos adequados.

Muriel E. T. N. Pokk
Texto registrado em cartório


 

 
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