Década
de 40. Capital do Brasil: Rio de Janeiro. Parada de 7 de Setembro, aniversário da Proclamação da Independência do Brasil, Quartel General em
frente ao Campo de Sant’Ana, desfile militar na Avenida Presidente Vargas.
Chegávamos de bonde e lá estava eu de mãos dadas com papai. Pequenino mas super alegre em
poder assistir ao desfile. O que mais apreciava: os mascotes (carneirinhos,
cães,
pôneis,
onça,
etc.) que vinham à frente de cada regimento. E a banda
dos Fuzi-leiros Navais? Como vibrava meu novo e pequenino coração ao escutar as marchas que tocavam... Na frente vinha o Bagda que batia num bumbo enor-me,
marcando a cadência dos passos.
Muitas vezes não conseguíamos ficar na frente do povo, próximos ao cordão de isolamento e
papai me colocava nos ombros dele para que eu pudesse enxergar a efeméride. Como ele era alto, um gi-gante, forte, carinhoso amigo... meu idolatrado pai!
Às vezes olha-va para baixo e via seus olhos marejados de lágrimas rolando por suas faces (pura e patriótica emoção). Com ele também aprendi a chorar e
colocar a mão direita sobre o coração ao escutar o Hino Nacional Brasileiro.
Nos raros anos que conseguíamos chegar bem cedo, ficávamos em frente ao palanque presidencial
víamos o corneteiro tocar a ordem de “olhar à direita” em reverência e sinal de respeito ao Presiden-te da República. Como era bonito assistir tudo isso e
eu nem imaginava que cresceria tanto até chegar um dia a desfilar no Se-gundo
Batalhão de Infantaria Blindada, num 7 de setembro distante, muito distante,
em 1951. Era um orgulhoso 3º sargento da reserva do Glorioso Exército de nossa Pátria!
Encerrando o desfile, vinham os Escoteiros, alunos do Colégio Mili-tar, as meninas do
Colégio Normal (futuras professoras) e de várias outras escolas. Aviões voando baixinho... tudo era deslumbrante!
Como mudou o meu Brasil... o de agora não é como dantes e temo que jamais o voltará a ser! (Ou
quem mudou, mas não emudeceu, fui eu!).