Com minh'alma sufocada por
inúmeros sentimentos pecaminosos de revolta, não consigo olvidar aquele neném
ainda embrião no ventre de sua mãe atingido por uma “bala
perdida”, condenado a
sobrevi-ver com o espírito aprisionado em um corpo mutilado com sequelas irreversíveis.
Um turbilhão de perguntas aflora-me à mente em busca de respos-tas plausíveis, somente
encontradas em minha Crença Espiritualista Kardecista.
Não existe uma ordem cronológica/etária para a nossa partida eterna. Um nonagenário não irá
desencarnar obrigatoriamente pri-meiro que um bebê, criança, adolescente, etc... Pertence unica-mente a Deus designar quando nossa missão estará cumprida e para
a qual aqui viemos. Nem um minuto à mais ou a menos.
Focado no acima exarado, resolvi ilustrar o que afirmo com o conto que segue abaixo:
-x-x-x-
João chegou aos seus 36 anos de idade sempre preocupado por quanto tempo duraria sua vida.
Quando e como seria sua derradei-ra viagem para o Outro Plano.
Certa noite, num “sonho acordado”, um Mensageiro de Deus apro-ximou-se de seu leito e disse-lhe: “João, para tua tranquilidade, encerrarás a missão que te foi confiada daqui a 2 anos, quatro
me-ses e dois dias, mais precisamente às 17:30h do dia 25 de outubro de 2019.” Sobressaltado, sentou-se ofegante na cama e chorou convulsivamente, arrependido de ter
conseguido resposta para a pergunta que sempre se fazia.
Daquele dia em diante, colocou sua vida em risco crendo piamente que nada lhe aconteceria
antes da data aprazada.
No incêndio de uma creche salvou duas crianças das chamas, bur-lando a vigilância dos bombeiros
e adentrando o prédio que estava prestes a ruir. O chão quente não lhe queimava os pés, a fumaça que inalava não lhe sufocava. Agarrou as crianças
desfalecidas e, correndo entre labaredas, entregou-as aos bombeiros atônitos com o feito heroico. Quando ia voltar em busca de eventuais novas
cri-anças, foi imobilizado pelos bombeiros e o prédio ruiu às suas cos-tas, impedindo-o de realizar o novo intento. Chorou convulsiva-mente!
Dias mais tarde, também foi o único sobrevivente de um naufrágio em que todos morreram tragicamente
em um mar infestado de tu-barões. Milagrosamente salvou-se incólume.
Herdeiro de uma milionária fortuna, sempre vivia abastado, desde sua puberdade. Desfez-se de
todos seus bens materiais doando-os a orfanatos, asilos, creches e hospitais exigindo dos beneficiários si-gilo absoluto sobre sua identidade.
Um dia antes da data prevista para sua morte, recolheu-se à uma casa de campo, em meio à
mata espessa e lá pernoitou.
Passou o dia orando e pedindo perdão a Deus pelos pecados invo-luntariamente cometidos. O “tic tac” do relógio da sala fazia-se ouvir cada vez mais alto, deixando João suando em bátegas.
Às 17:28h do dia seguinte ouviu o ronco de um monomotor que pa-recia falhar e se aproximava em voo
rasante da casa que ocupava. Em desabalada carreira correu para um descampado próximo ten-tando fugir do inevitável, deitando-se no chão, encoberto
pelo ma-to não muito alto.
Concomitantemente, o piloto, evitando uma colisão frontal com a casa, deu uma guinada brusca na
aeronave buscando uma aterris-sagem forçada no descampado. Ao tocar o solo, partiu-se o trem de pouso e o pequeno avião arrastou-se de barriga por
um trecho de cinquenta metros. Nesse percurso aleatoriamente escolhido pelo piloto, lá estava João. Não sofreu sobre um leito hospitalar, com seu
espírito preso à matéria em vida vegetativa e sua partida foi indolor e imediata.
O relógio carrilhão badalava fatídica e exatamente 17:30h do dia 25 de outubro de 2019.
“
NADA ACONTECE POR ACASO, NEM ANTES E NEM DEPOIS”
“
O BEM QUE PODES PRATICAR HOJE, NÃO DEIXES PARA AMANHÃ
”
Ary Franco (O Poeta Descalço)
Fundo Musical: Eu creio em Ti - Gospel
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