Altas horas da noite passada, perguntei às
estrelas se ainda ilu-minavam minha amada ou se já tinha ela se recolhido ao
leito no qual queria com ela compartilhar.
Eu também indaguei da mais brilhante
de todas sobre o paradeiro da lua escondida atrás de uma nuvem que manchava de
cinza o azul celeste.
Você gosta de falar com as estrelas
assim como eu.
Pelo menos temos algo em comum.
Sim!
Falo, mas gostaria de conversar com
elas.
Perco-me num infindável monólogo sem
qualquer resposta às per-guntas que faço...
Bilac com elas conseguia conversar.
À noite abria a janela do seu quarto e
mantinha longos diálogos até que o sol as banisse do firmamento.
É... ele foi um poeta abençoado por
Deus.
O quanto mais saberíamos do muito
pouco que sabemos, se as es-trelas nos contassem tudo o que testemunharam e inda
teste-munham lá de cima...
Fico assustado só de pensar nessa
possibilidade.
Prefiro até não saber na íntegra essas
confidências e que elas ape-nas me falem da autêntica paz e do verdadeiro amor.
A paz de que tanto carece a
humanidade, afastando-se gradativa-mente do espírito de solidariedade e irmandade
que deveria reinar entre os homens.
A involução do amor para com o
próximo, gerando abjetas desi-gualdades sociais e segregando preconceitos raciais
e religiosos.
O que você acha?
Acho que um dia deixaremos de tentar passar sob o arco-íris em busca da
felicidade e nos conscientizemos de que ela habita aconchegada no coração de
cada um de nós.
Deixaremos de procurar o amor além
horizonte e olhando à nossa volta, sentiremo-lo ao alcance de nossas mãos.
Meu amigo, o escurecer da tarde já
prenuncia o início da noite.
É hora de erguermos nossos olhares
para o céu e recomeçarmos nossos sonhos, aqueles sonhos sonhados e ainda não
alcançados.
Deus guie seus passos. Boa noite!
Que Deus ilumine seu caminho. Boa
noite!
FICA A SEU CRITÉRIO DISCERNIR NO DIÁLOGO,
QUAL É O LOUCO E QUAL É O POETA...
(“De Poeta e Louco, todos temos um
pouco”)