A Debutante
 
Recebi em 28/06/2012

Agradeço à querida Amiga
JUREMA PEREZ
o carinhoso presente da esmerada formatação que ilustra esta minha crônica
Ary Franco
 
 
 
 
 

 

A DEBUTANTE

Ary Franco (O Poeta Descalço)

 

 

Sento-me no banco da praça.

A tarde se despede insinuando o escurecer.

À minha frente o chafariz jorra

gotas d’água, coloridas e dançantes.

Um bem-te-vi vem matar sua sede,

antes de se recolher noite adentro.

Fecho os olhos e sonho acordado,

lembrando aquele baile de quinze anos.

Era ela um botão desabrochando em flor.

Primeira valsa dançou com o pai.

A segunda e subseqüentes couberam a mim

 a sensação indizível de tê-la em meus braços.

Leve como uma pluma, conduzi-a

sobre nuvens rodopiando pelo salão.

Sinto o olor inebriante de seus cabelos,

contemplo o brilhar de sua felicidade

desenhado em seu angelical sorriso.

Instintivamente colamos nossos rostos

como que num só movimento, imantados!

Aquela noite, aquele momento,

aqueles minutos, quisera eu eternizá-los,

mas o baile acabou, a orquestra calou-se,

um dia o romance terminou...

Não foi meu primeiro amor, nem foi o último,

até que o verdadeiro, aquele que falou

mais alto, chegou e ficou até hoje...

Senti alguém sentar no banco ao meu lado.

Era um casal de namorados abraçados.

Convenientemente levantei-me, dei mais uma volta

no cachecol e rasgando o frio da

noite voltei pra casa, voltei para minha

velha, meu derradeiro e eterno amor!




Fundo Musical: Champagne - Manolo Otero
 


 

 
                                                                                   

 

 
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