Fazer o bem, sem olhar a quem

Recebi em 18/08/2018


Moro numa cidade pequena chamada Miguel Pereira (RJ), atraído pelo clima que dizem ser o 3º melhor do mundo. Não me pergun-tem quais são os 1º e 2º, pois não saberia responder. Minha casa fica no bairro Alto da Boa Vista, situado na parte mais elevada da cidade, donde realmente descortino uma bela vista panorâmica.

Logicamente para chegar-se lá, temos duas ruas íngremes a serem subidas pelos transeuntes. Duas vezes por dia, desço e subo com meu carro ao Centro e sempre dou carona a pessoas idosas, jovens mas carregando compras ou criança, maioria desconhecida para mim. Em cada “viagem” costumo levar 3 caronas, quando não es-tou acompanhado de “minha velha”. Aí são só dois que transporta-mos conosco.

No curto percurso (não chega a dois minutos de duração) sempre “rola um papo”: onde o Sr. mora? meu nome é fulano, Deus lhe pa-gue, muito obrigado, etc... etc... etc...

Agora, vamos ao motivo desta minha crônica:

Semana passada, deixei o carro estacionado numa vaga e ao voltar da farmácia e padaria, tive a “agradável” surpresa de um pneu fu-rado. Confesso que já troquei muitos mas, agora, já octogenário, custa-me bastante cumprir essa “hercúlea tarefa”. Mas não me dei por vencido, tirei o estepe do porta-malas e pus mãos à obra.

Mal tinha me agachado, escuto alguém dizer às minhas costas: “Pode deixar seu Ary, eu troco pro Sr.”. Juraria que jamais tinha visto aquela pessoa. Como sabia meu nome? Meio acanhado, levan-tei-me e apertei-lhe a mão, sem saber o que dizer. Apresentou-se ele, então como o Edgard neto da Da. Eugênia, a qual eu já tinha dado algumas caronas na “ladeira”. Antes dele começar a ajudar-me, chegou outro amigo caroneiro (este eu tinha uma vaga lem-brança de sua fisionomia). Era o Adalberto!

Resultado: nem com as mãos sujas fiquei e meu pneu foi trocado como se estivesse fazendo um “pit stop” numa corrida de Fórmula Um. Não vou nem falar no Walter borracheiro que não quis cobrar-me o remendo do pneu (também já tinha dado algumas caronas pa-ra ele).

Se você leu esta minha crônica até aqui e quer saber a moral desta estória verídica, olhe o título lá em cima.

Ary Franco
(O Poeta Descalço)  



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