Dois Antonios!

Recebi em 20/03/2018


Como hoje é Dia de Santo Antonio, amigo íntimo do meu pai, eu acordei com saudade de outro Antonio, um menino lindo que ga-nhamos de presente na pequena casa, que já acolhia três meninas.

Papai dizia, naquela mistura de português com dialeto italiano.

– Mas “Minha...” (era assim que ele tratava a nossa Mãe) – eu quero um filho homem!

Todo mundo tem filho homem e ainda por cima o meu vai ser médico!

E foi nessa casa, onde moramos por muito tempo antes de ter a “nossa casa” de verdade, nós tivemos a grata satisfação de receber o primeiro menino da família, o Toni, para mim; o Toninho, para os outros irmãos e o Dr. Antonio, hoje, para muitos.

Que belo ragazzo o meu irmão Toni!

Ele veio logo depois de mim e, é claro, aí o meu reinado chegou ao fim...

Naquele tempo lindo não havia motivos de ciúmes e sim de partilha e alegrias, pela chegada daquele menino gorducho e fofo demais.

Toni é bom com todo o sentido da palavra.

Até hoje, mesmo muito pequenina, eu ainda me lembro perfei-tamente o dia que o amigo Elpídio, o fotógrafo, foi na nossa casa para tirar fotografia do Toni.

Até a roupa que ele usava eu me lembro... sentadinho na calçada da casa, com um pano para não sujar a roupinha... uma graça!

Mamãe babava e papai não tinha nem onde colocar o tamanho do seu sorriso lindo.

O Toni foi crescendo e se tornou uma figura lendária na nossa famí-lia!

Era muito mais “levado” que a maioria das crianças.

O danado trocava a letra ele (L) pelo erre (R).

Aí ficava mais ou menos assim:

– Mãe, o rreiteirro já chegou parra trrrazerrr um rritro de rreite parrra nós.

Eu querro beberrrrrrrrrrrr rreite.

Pega rráaa dentrrrooo o rritrroooo prraaaa nós, pega!

Era demais!

E não havia ninguém no mundo que fizesse o Toni falar direito.

Sentávamos para dar “aula de diferença entre o R e o L, mas nada!

Um belo dia, que não me lembro, ele começou a falar como os outros humanos.

Foi uma festa!

Além do Vasco da Gama, time de futebol, ele adorava a Bimba e a Bimba tinha paixão de mãe por ele.

Ela tomava conta dele, ele vivia na casa dela.

A Bimba corria atrás do Toni o dia inteiro.

Na verdade, acho que ela não era bem uma vizinha, era muito mais que isso...

Mas o danado era ligadíssimo.

O Toni conseguiu a incrível façanha de ser atropelado pelo único carro que Santa Tereza tinha!

Foi um Deus nos acuda! Algum tempo depois ele literalmente cortou o nariz fora (ficou pendurado por um milímetro) brincando de pique na casa da minha tia Maria.

Tascou o nariz na quina de um armário.

Nesse dia eu chorei.

Não podia nem imaginar o meu Toni sem nariz.

Ainda bem que o nariz dele colou em poucos dias... sorrio ao me lembrar disso!

Com a adolescência, Toni se tornou um menino quieto, estudioso, dedicado.

Sempre foi bom filho.

Hoje é um respeitado médico e pai de duas lindas meninas.

Tenho imenso carinho por esse Toni, que durante vários anos, enquanto estudava medicina, vivia bem pertinho de mim.

Hoje nos vemos sempre e o carinho é exatamente o mesmo, senão maior.

Ao Toni, o meu eterno carinho, um beijo de nosso pai, que era amigo íntimo de Santo Antonio...

Sunny Landrith
Enviado por Sunny Landrith em 13/06/2009
Alterado em 20/10/2011



 

 
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