Em Busca da Felicidade - 9ª Parte


Continuação

(9ª Parte)

       Meio embaraçado, Olavo levantou-se e apertou a mão do seu amigo Washington, também um industrial renomado no ramo side-rúrgico.

       __ A surpresa é toda minha em vê-lo por estas bandas distan-tes. Deixe-me apresentar minha noiva, Srta. Marcela e minha futu-ra sogra Sra. Magda.

       __ Encantado!

       __ Você está sozinho? Quer fazer-nos companhia?

       __ Não, obrigado. Estou com minha esposa e filha em outra mesa e vim apenas cumprimentá-lo. Que a noite lhes seja agradá-vel. Com licença.

       Washington passou como um tornado deixando destroços re-presentados nas indagações, curiosidade e satisfações a serem dadas por Olavo. Ele já estava disposto a prestar os devidos e indis-pensáveis esclarecimentos sobre a sua verdadeira identidade, mas a abordagem do amigo forçou-o a apressá-las.

       __ Queria contar para minha querida Marcela e adorável sogra tudo a meu respeito logo após a sobremesa, mas essa aparição do meu amigo obriga-me a antecipar o programado. Só peço paciência para ouvirem-me até o fim com vossos corações abertos para en-tender-me. Meu nome verdadeiro é Wellington Dantas Vilela, nasci em berço de ouro e herdei, como filho único, a “Empresa Vilelar”, fabricante de produtos eletrodomésticos. Com o falecimento de meus pais e de minha esposa Yolanda, fiquei sozinho no mundo cercado de imensa fortuna material, mas imerso numa insuportável solidão. Só tinha à minha volta bajuladores e falsos amigos, mulhe-res que viam em mim um belo partido para usufruir as benesses de minha elevada posição na Sociedade. Sonhava em constituir uma verdadeira Família e preencher meus dias vazios com o aconchego amoroso de uma esposa a me esperar na volta do trabalho e que me desse, pelo menos, um filho para dedicar-lhe todo o amor que tenho guardado em meu coração. Para isso, tomei a decisão de sair mundo afora à procura da mulher ideal, que me despertasse paixão e sentir por parte dela o mesmo amor sincero e desinteressado. En-contrei em você, Marcela, essa minha metade com que tanto so-nhava.

       __ Olavo, você acha que devo amar o “Dr. Wellington” da mesma forma que te amo? Acredita que irei sentir-me feliz no seu mundo aristocrático? Que abandonarei as crianças que ajudo para viver faustamente, sem importar-me com o próximo?

       __ Querida, pense que você vai poder ajudar um universo de carentes. Se quiser, fundará creches, asilos, orfanatos e estarei sempre ao seu lado nessa empreitada. Aprendi muito com você a doar e nem só amealhar. Que a verdadeira felicidade está em ajudar os menos privilegiados que estejam ao nosso alcance, à nos-sa volta...

       Fez-se um pesado silêncio somente quebrado pela orquestra que tocava My Way. Marcela olhou para Da. Magda como que a per-guntar o que dizer.

       __ Filha, viu como não sou fácil de ser enganada? Sempre achei que o Sr. Olavo não era quem procurava aparentar. Seus mo-dos polidos, fina educação, vasta cultura, cavalheirismo... não se encaixavam na figura do vendedor comissionado de aparelhos ele-trodomésticos.

       __ E nisso tudo, Olavo, como ficará minha mãe? Já lhe disse o quanto ela representa para mim e...

       __ Marcela, Da. Magda faz parte integrante de todos os meus sonhos. Estou cônscio de que a sua felicidade depende da felicida-de de sua mamãe. Ela irá morar conosco. Meus planos é de nos ca-sarmos oficialmente no civil e depois no religioso numa capela mo-desta, sem pompas, com seus dois irmãos e familiares convidados para a cerimônia matrimonial. Acredite em meu amor por você e que teremos um futuro abençoado por nosso amado Deus Criador! Se algum dia vieres a chorar será de alegria, prometo!

       __ Wellington, temos muito mais a conversar. Proponho que dispensemos a sobremesa, dancemos mais uma vez e amanhã, de-pois do trabalho, falaremos detalhadamente sobre este delicado e importantíssimo assunto.

       __ Marcela, pelo amor de Deus, acorde para a realidade, a partir deste instante você não volta a trabalhar. Amanhã teremos que ir ao COI levar aqueles R$ 500,00 em presentes para nossas cri-anças. Ou esqueceu-se do compromisso assumido? (ela sorriu).

       Dançaram com rostos colados e Wellington se sentiu entre nu-vens.

       A partir daquele instante todo o mais passou a ser detalhes a serem alinhavados por ambos. Sua busca cessara, seu sonho estava a um passo de ser alcançado com a realização do iminente casa-mento.

       Passava das três horas quando Wellington despediu-se de seu amigo Washington, na mesa que ocupava.

       __ Ainda é cedo. A noite é uma criança.

       __ Tenho que ir. Amanhã terei um dia atarefado. Boa sorte!

       Depois do jantar pago, e uma polpuda gratificação para o vio-linista, o “abelhudo” foi despertado pelo celular tocando.

       __ Seu Henrique, estamos esperando-o na porta do restauran-te.

       __ Estou indo patrão, respondeu com voz sonolenta. Já estou a postos para servi-lo (ele dormia a sono solto, dentro do táxi).

       Uma vez alojados no táxi, os beijos trocados tornaram eviden-te que um pacto de amor eterno estava selado entre Marcela e Wellington.

FIM DA NONA PARTE

Ary Franco
(O Poeta Descalço)

Continua na Próxima Página



Fundo Musical: My way - Fausto Papetti
 

 
Anterior Próxima Contos Menu Principal