Em Busca da Felicidade - 8ª Parte


Continuação

(8ª Parte)

       Às 7:50h Olavo já estava no taxi a caminho da casa de Marce-la.

       __ Ambas estão deslumbrantes nesses vestidos longos! Para-béns!

       __ Obrigada Olavo, mas preciso conversar muito com você. Tenho que esclarecer algumas dúvidas que estão dando voltas em minha cabeça.

       __ Querida, na volta da comemoração de nosso noivado, juro que tirarei todas as dúvidas que pairam nesta sua cabecinha. Ago-ra, por favor, vamos festejar esta noite tão importante para nós. Estou com a razão ou não, Dona Magda?

       __ Talvez, talvez... Não quero me precipitar fazendo julga-mentos, sem ficar a par de certos detalhes.

       __ OK! Então vamos!

       Dona Magda apressou-se em sentar-se ao lado do seu Henri-que, deixando o banco traseiro para Marcela e Olavo.

       __ Olavo, amanhã vou devolver aquele dinheiro que você dei-xou comigo para eu e mamãe nos embelezarmos no salão. Não gos-tei e não acho justo!

       __ Querida, esse dinheiro que entreguei a você, nada mais é do que um pouco do muito que lhe devo. Antes de minha despedi-da, farei algo parecido com todos aqueles que me prestaram servi-ço na pousada. Você gentilmente me serviu os almoços durante quase um mês e nunca lhe dei um centavo de gratificação como gratidão. Estou tentando corrigir esta minha falha, mormente de-pois de ficar sabendo que você ajudava aqueles anjinhos no COI com as gorjetas que recebia dos fregueses. Será que você vai me entender ou pretende fazer alguma desfeita que me magoe. Por favor, preciso que você me entenda!

       __ Então, um dia, você voltará comigo no COI para alegrar aquelas crianças. Vou usar todo o dinheiro que você deu, em com-pras de presentes para elas. Combinado?

       __ Está bem, faremos como você quiser, querida.

       Trocaram beijos sob os olhares do “abelhudo” pelo espelho re-trovisor interno do táxi. Às 20:40h chegaram ao La Violetera e um guardador de carros uniformizado abriu as portas do carro para eles descerem. Olavo sentiu-se envergonhado em chegar de taxi, enquanto seus carros de luxo permaneciam guardados na garagem de sua mansão. Se chegasse no seu Bugatti dirigido pelo Jarbas, seu chofer uniformizado, tinha certeza que a recepção teria sido mais solene.

       __ Seu Henrique, não sei a que horas vou voltar. Mas não con-te comigo antes da meia-noite. Fique por perto. Eu lhe avisarei pe-lo celular – OK?

       __ Certo, patrão. Combinado!

       Um porteiro uniformizado, inclusive usando luvas, abriu a porta enriquecida com estofamento de veludo negro que isolava o som interno do restaurante. Retirou seu quepe e os cumprimentou desejando boa noite. Logo ao adentrarem, foram prontamente conduzidos à mesa reservada. Olavo ajeitou as cadeiras para Mar-cela e Dona Magda sentarem. A orquestra tocava a valsa “Eu So-nhei que tu Estavas Tão Linda” e alguns pares evoluíam na pista de danças. Tudo seria perfeito naquela noite, não fosse um aconteci-mento imprevisto no final daquele jantar comemorativo.

       O ar condicionado tornava a temperatura ambiente bem agra-dável, mas Marcela e Dona Magda pareciam não muito satisfeitas naquele ambiente luxuoso e uma pontinha de arrependimento já despontava na consciência de Olavo. Talvez ele tivesse exagerado na escolha do requintado restaurante, no repente de sua euforia com o noivado.

       Para piorar, chegou o Maitre fazendo uma mesura e entregan-do o cardápio a cada um deles, com o menu escrito em francês! Olavo ficou em estado cataléptico, sem saber como proceder. Invo-luntariamente tinha colocado sua amada numa eventual situação de total constrangimento. Já estava preparado para deixar a crité-rio do Maitre a escolha do menu quando, para sua surpresa e alívio, Marcela dirigiu-se ao “uniformizado”.

       __ Mon Seigneur, que recommandez-vous comme entrée prin-cipale?

       __ Escargots au persil ou foie gras de canard pré cuit servis avec une confiture aigre-douce servis sur canapés.

       __ Todos estão de acordo? Perguntou Marcela.

       Olavo era poliglota por força de seus encargos na Presidência de suas duas empresas. Não era possível levar intérpretes a cada reunião de cúpula das quais participasse.

       __ Por mim, tudo bem. Que tal Dona Magda?

       __ Está ótimo, mas acho que depois dessa entrada, vou perder o apetite para comer o prato principal. (e sorriu).

       __ Nous sommes d'accord, mon Seigneur. Nous allons choisir après la boisson. Merci. (disse Olavo para o Maitre).

       __ Querida você fala muito bem o francês. A cada dia uma no-va e agradável surpresa aumenta o incomensurável amor que sinto por você.

       __ Amor, quando lecionava tinha que saber “arranhar” um pouco de francês e inglês, mas nada além do trivial.

       __ Enquanto o garçom não chega com a nossa entrada, e com a devida licença de sua mamãe, você aceitaria dançar esta canção que a orquestra está tocando?

       __ Importa-se, mamãe?

       Dona Magda fez que não com a cabeça e Olavo apressou-se em afastar a cadeira para sua amada. Deslizaram pelo salão com os rostos colados e sussurrando juras de amor eterno. O perfume que Marcela usava era inebriante.

       Voltaram à mesa para degustarem a deliciosa entrada e Olavo pediu uma garrafa de vinho branco suave. Após saborearem um sal-mão assado à moda da casa como prato principal, aproximou-se da mesa o “violinista encomendado” tocando “Charmaine”. Olavo ti-rou do bolso um estojo e entregou-o à sua futura sogra, pedindo que colocasse as alianças nos dedos anelares das mãos direitas de sua filha e na dele. Ao som romântico do violino próximo a eles, acompanhado pela orquestra no tablado, Marcela chorou e Olavo também.

       Terminada a emocionante cerimônia um senhor bem apessoa-do dirigiu-se ao Olavo e com voz tonitruante estendeu-lhe a mão.

       __ Dr. Wellington! Mas que surpresa agradável encontrá-lo aqui!

FIM DA OITAVA PARTE

Ary Franco
(O Poeta Descalço)

Continua na Próxima Página




Fundo Musical: Charmaine - Orquestra Mantovani
 

 
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