Na Primeira Guerra Mundial - 1918
 
Fonte - Gazeta do Povo - Curitiba - PR - 05/04/2004
 
 
Brasil na Primeira Guerra Mundial - 1918
 
Mesmo Longe Dos Campos De Batalha,
Brasileiros Estiveram Na Guerra
 
Divisão Naval Do Brasil

Uniu-se à frota inglesa dois dias antes do armistício.

A grande potência no mundo no início do século 20 tinha um nome: Alemanha.

Mesmo com todo o armamento bélico comprado dos alemães, o Brasil foi o único país sul-americano que participou na Primeira Guerra Mundial.

Fomos para lá, mas nada de campo de batalha.

O Navio Paraná foi afundado na costa francesa no dia 3 de abril de 1917.

Em seguida, viriam o Acari, o Lapa, o Tijuca e o Macau.

O Brasil decreta “Estado de Guerra” contra a Alemanha em 1917.


Mas levaria quase um ano (dia 18 de agosto de 1918) para que uma mis-são médica, composta por 100 profissionais, entre médicos e enfermeiras, par-tisse para a Europa.

Outro grupo de aviadores seguiu para o continente, mais precisamente para a Inglaterracom a intenção de se incorporar na Real Força Aérea.

A Marinha ajudou no patrulhamento do Atlântico e algumas unidades também foram à Europa.

Fomos os únicos latino-americanos a participar da Primeira Guerra Mundial, mas isso não incluiu o campo de batalha.

Os médicos lutaram apenas contra a gripe espanhola, epidemia que assolou a Europa no período.

Atraso

Já a divisão naval uniu-se à frota inglesa no dia 9 de novembro de 1918.

Cerca de 48 horas depois, no dia 11, foi assinado  o armistício tão ansiosamen-te pelos europeus cujos países foram devastados pelo conflito.

O
Brasil deu sua módica parcela de contribuição e também obteve vantagens ao fim da guerra.

Na Conferência de Paz de Paris, que deu origem ao Tratado de Versalhes, o Brasil conseguiu da Alemanha o pagamento com juros do café perdido com os navios brasileiros naufragados.

Além disso, 70 navios alemães foram incorporados à frota do Brasil a preços simbólicos.

Memória

A Primeira Guerra Mundial, marcada pelo surgimento da indústria bélica, comple-ta (2004) 90 anos.

Os anos da carnificina europeia.

As sangrentas batalhas que começaram em 1914 e estenderam-se até 1918 cau-saram 8 milhões de mortes.

Curitiba - Paraná
5 De Setembro De 1916

Um correspondente de guerra alemão desconhecido fazia o seguinte relato atônito: "Sobre as crateras vinham dois gigantes.

Os monstros aproximavam-se hesitantes e vacilantes, mas chegavam cada vez mais perto.

Para eles, que pareciam movidos por forças sobrenaturais, não havia obstáculos.

Os disparos das nossas metralhadoras e das nossas armas de mão ricocheteavam neles.

Assim, eles conseguiram liquidar, sem esforço, os granadeiros das trincheiras avançadas".

O relato de uma guerra travada principalmente nas trincheiras traduz a primeira visão de um tanque militar.

A partir daí, o mundo que vivia na época a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) jamais seria o mesmo com a entrada das máquinas de guerra.

A Europa estava em conflito.

Estabelecer a liderança mundial nos idos do século passado transformaram o continente em um campo de massacres sem referências até os dias de hoje.

A morte do Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro em Sarajevo, foi o pretexto que estabeleceu à Europa – dita  "berço da civilização ocidental" – uma realidade a ser vivida por amargos anos.

Hoje, quase 90 anos após o início da guerra, é possível observar que as rivalida-des imperialistas entre as nações provocaram devastação, um remapeamento político e a definitiva perda europeia de sua supremacia mundial para os Estados Unidos.


"Foi uma verdadeira carnificina", diz João Angelo Belotto, diretor do Museu do Expedicionário, em Curitiba, ao falar sobre a Primeira Guerra.

Mesmo sendo um acervo da Segunda Guerra Mundial (anos de 1939 - 1945) o museu conta com preciosidades históricas também das batalhas da década de 10.

Armas

Entre baionetas francesas de 1892, pistolas de 1911 e rifles de 1917, ele afirma que a grande maioria das armas usadas na primeira guerra vieram do final do século 19 e muitas do início do século 20 como a Mouser (alemã, de 1918) ou a Mark 6 (norte-americana, de 1917), chegaram até a Segunda Guerra (1939 a 1945).

A entrada da chamada "indústria de guerra" no conflito é refletida principalmente na presença dos tanques na frente de batalha.

Os aviões, usados principalmente para observação, também começaram a ser equipados com metralhadoras.

A batalha na região de Flers, no norte da França, foi um dos episódios mais sangrentos da Primeira Guerra Mundial, que deixou o saldo de mais de um milhão de soldados mortos.

Foi neste local que ingleses e franceses usaram o pesado veículo como arma tática de apoio à infantaria, na luta contra os alemães.

Ingleses, franceses e alemães enfrentaram-se durante semanas numa frente de combate com mais de 40 quilômetros de extensão.

Trincheiras

Na luta por alguns metros de terreno, foram cavadas longas trincheiras e cercas de arame farpado protegiam os soldados do inimigo.

Os alemães aguardavam os costumeiros ataques das tropas inglesas de infantaria.

Para surpresa geral, no lugar de combatentes, surgiram à distância o que alguns soldados acreditavam tratar-se de tratores.

O que os estupefatos alemães presenciaram então era a ação dos primeiros tanques de guerra da história da humanidade -  a nova arma que ingleses e fran-ceses tinham construído sob sigilo absoluto.

Nem armas tradicionais, nem trincheiras: nada conseguia deter os poderosos veí-culos.

Dos 49 tanques de guerra da primeira geração, que foram usados em Flerss, pou-cos retornaram aos seus postos de origem.

Grande parte foi abandonada no caminho em função de panes no motor ou na esteira de rodagem ou  acabou atolada em algum buraco ou lamaçal profundo.

Nove tanques foram destruídos pelos alemães.

Depois de vencer o susto inicial, os soldados alemães passaram a  atacar os tan-ques com granadas de mão e armas de fogo.

Mas enquanto franceses e ingleses trabalharam na melhoria da qualidade dos seus tanques, chegando a ter no último ano da guerra alguns milhares deles, os alemães só tinham produzido 45 unidades até então.

O desequilíbrio já apontava como inevitável a derrota alemã na guerra.