Na
época em que Oxum, Oyá e Obá viviam no reino de Xangô, havia uma grande
guerra.
Xangô convocou as
três esposas para irem com ele guerrear.
Oyá e Obá disseram
a Xangô que Oxum não sabia guerrear, então Xangô disse:
“Oxum,
tu deverás aprender a guerrear para se proteger caso o palá-cio seja
invadido pelos inimigos.”
Oxum então
respondeu:
“Podem
ir vocês, eu cuidarei do palácio, Xangô.”
Obá enfurecida
retrucou:
“Como
tu, Oxum, cuidarás do reino, se só sabes se embelezar?”
E Oyá disse:
“Iremos
e os escravos tomarão conta dela.”
Oxum ficou sozinha
com as escravas no palácio, e em uma noite, uma escrava lhe avisou
assustada:
“Oxum,
minha rainha, o palácio está sendo invadido!!!”
Oxum, calma em seu
trono, disse à escrava:
“Mandem
entrar e sirvam a melhor comida e bebida. Eu os receberei.”
As escravas
fizeram conforme Oxum havia mandado.
Os inimigos de
Xangô estranharam, mas entraram e se serviram, e Oxum, calmamente, sentada
em seu trono, disse:
“Xangô
fugiu junto às suas duas outras esposas, me abandonando pa-ra trás.
Fiquei sozinha.
Vão, se sirvam!
Mandei preparar
este banquete para vós.”
No outro dia,
Xangô, Obá e Oyá receberam a notícia de que Oxum es-tava em perigo e
voltaram às pressas.
Chegando no
palácio, estranharam o silêncio e viram todos os solda-dos dormindo.
Oxum explicou:
“Está
vendo, Xangô?
Não precisei
levantar a espada e nem usar a força, mandei servir a melhor comida e todos
comeram.
Coloquei esta
poção nos pratos e matei todos, sem levantar a mão.
Não se espanta o
inimigo, mas se agrada.
Com a própria
raiva dele, ele cai sozinho.”
Oxum é calma por
fora mas é uma tempestade por dentro.
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