Desempregado há 8 meses, 3 filhos menores para criar e as oportuni-dades
esgotadas.
Começo a trabalhar
na reciclagem de lixo.
Consegui um
carrinho para puxar e logo passei a juntar latinhas, gar-rafas pet, papelão
e tudo que era possível reciclar, o que me rendia míseros 9 a 10 reais por
dia, muito insuficiente para alimentar a minha família.
Certo dia, passei
por uma encruzilhada e avistei uma oferenda de mi-lho servido em um aguidal.
Em pleno
desespero, mesmo sem saber o que era, recolhi aquele aguidal e levei até o
próximo cruzeiro, e ofertei o mesmo novamente, pedindo que me ajudasse a
levar comida naquela noite pra casa, pois não sabia o que iria dar aos meus
filhos.
Estranhamente, foi
o pior dia de reciclagem.
Voltei a noite
para casa sem qualquer alimento para minha família, mas com a certeza que o
batuque era uma religião satânica, pois havia piorado ainda mais minha
situação.
Já se passavam das
22:00 horas, a noite consumia meus pensamentos de derrota, e as crianças
reclamando de fome.
Nesse momento,
ouvi alguém chamando por meu nome.
Deparei-me com um
homem de estatura alta, negro, com uma sacola recheada de alimentos, ao qual
me alcançou por cima do portão mes-mo e disse que quem havia me enviado era
o senhor do terreiro da esquina.
Eu o agradeci e
foi uma festa aquela noite dentro de casa: fizemos uma ótima refeição.
Fiquei encucado de
como o senhor do terreiro sabia da minha situa-ção.
No outro dia bem
cedo, fui até aquela casa de religião para agradecer o bem que havia sido
feito à minha família.
O Pai de Santo me
atendeu com um sorriso no rosto e disse: sabia que viria agradecer ao
Pai Bará,
fiquei sem entender.
Ele abriu a
primeira casinha que tinha no pátio e eu mesmo sem o conhecimento, agradeci.
O Pai de santo me
contou que um dia antes teve um sonho com seu Orixá de rua, pedindo para que
as 22:00 horas deixasse uma sacola com alimentos do lado de fora do portão,
pois alguém em necessida-de pegaria.
Falei para ele que
não peguei e sim recebi em minha casa, ele sorriu e disse: ah meu filho,
fico contente, pois quem levou para você foi o
Pai Bará.
Chorei ao ouvir e
a partir dessa data, nunca mais passamos necessida-de,
POIS ELE ERA BARÁ!
Colaboração: Amigo e Irmão de Fé: Gilberto Bahl
Pub 2020