À Minha Querida Mãe
Minha mãe nasceu pobre, em tempo
de miséria, e de muita labuta; às irmãs,
tal como ela, à rua saindo, cruel vento
nas fontes, lavar roupa em subtis manhãs;
apreciavam, com a candura do alento
que traz presa a mocidade e seus afãs.
Empreitada terminada sem desalento
ainda iam pras fábricas, urdindo aí amanhãs.
Eram pobres mas felizes; e o avô nada
entregue à mais dura das realidades,
co as filhas iam ver a feira engalanada,
que decorria na terra mais ao lado:
Isto, contou a mãe, e conta miríades
de vezes, para aí não olvidar passado.
Jorge Humberto
Santa Iria da Azóia - Portugal - 04/05/2008
* Por decisão do autor, o texto está escrito de
acordo com a antiga ortografia. |