O Mar
Chega, até mim, o marulhar do mar
Como vagidos de bebé nascente,
Por entre os dedos, deixo escorregar
Montanhas de ouros das areias quentes.
O barco que, ao longe, vai a singrar
As águas calmas de azul reluzente,
Tem mil braços, com lenços a acenar
Em longa despedida, comovente.
E o marulhar parece um chamamento
A tantas memórias do pensamento,
Aos sonhos que albergou o coração.
E, se hoje, é tudo vida já passada,
O marulhar do mar não leva a nada,
Pois tudo não foi mais que uma ilusão.
António Barroso (Tiago)
Portugal
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