Quero o manto da noite a velar meu cabelo, do luar, a centelha, mostrando-me o norte.
Às estrelas suplico, o mais profundo apelo ao Senhor do existir: que me conceda a morte.
Quero ondas de brisa a ninar-me, em desvelo, quando o corpo, exaurido, perder o seu porte;
quero o abraço do fogo ao cruel pesadelo, de uma vida sofrida, madrasta, sem sorte.
Que ninguém me lamente, sequer mandem flores - não suporto o fingir, travestido de cores - ...
Minhas cinzas? Libertas ao vento, mais nada.
Nada mais... Quero, ainda a benesse do olvido, não lembrar deste mundo, infiel, desabrido,
onde o amor tem, na dor, sua rima adequada.
Patrícia Neme
Fundo Musical: Alhambra
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