Que Cidadania?


Em uma linda e larga avenida,
Carros vão para lá e para cá...
Sinal fecha, os carros param
E uma criança mui raquítica
Aproxima-se, estende a mão...
Dá-me um aperto no coração
Quando ela diz: “Estou com fome,
Tia, dá um trocado para comprar um pão.
Abri a bolsa e dei o trocado. E seu nome?
Perguntei. Ele falou, “sou Zezinho,
Tenho dez irmãos”. Perguntei, e seu pai?
“Meu pai está desempregado, coitado,
Minha mãe é faxineira, eu para ajudar
Fico aqui a pedir um trocado
Para alimento poder comprar”.
Perguntei: Você estuda? E ele respondeu,
“Não tia, agora eu estou sem estudar,
Preciso algum dinheiro arranjar,
Para minha família sustentar”.
E neste momento, ví duas lágrimas
Rolarem no seu rosto e duas no meu
Também rolaram, pensei que lástima!
Ao observar na criança, um triste olhar.
Sai pensando, cadê as autoridades desse País
E o Estatuto da Criança e do Adolescente,
Quando no seu parafraseado de assistência
Garante: proteção e cuidados às crianças...
Exclamei: Deus, só você movendo os corações
Que de forma egoísta, só pensam em si,
Acumulam bens, só querem enriquecer,
Sem as necessidades do outro perceber.
E o povão continua os elegendo
E colocando em suas mãos todo poder.
Estão os pobres cada vez mais pobres,
Formando a maioria, sem direito a cidadania,
Os que se dizem cidadãos ficam mais ricos.
Quanta injustiça campeia nesta Nação...
A CNBB afirma: “Os pobre são os juízes
Da ordem democrática de uma Nação”.
Que mais pura verdade, uma inegável
Realidade. E nesta afirmação louvável
A Igreja protesta, faz sua manifestação.
Porém, sem o compromisso político
E a grandeza de espírito, fica a mesmice,
O estado deplorável, só persiste...

Ninita Lucena
Natal - RN

Obs. da Poetisa

     De acordo com o questionamento que venho fazendo, imagino que este estado caótico da pobreza, nada mais é do que a negação à cidadania e a ordem democrática. Isso tudo representa a antítese da bondade, do amor uni-versal.

     Ratifico tudo isto através do Pronunciamento da CNBB, (1988):

     Em Defesa da Vida: (p.4): O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reunido na 20ª Reunião Ordinária, diz: “Na Constituição é proclamada, como fundamental, a inviolabilidade do direito à vida. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, do direito à vida” (Título VIII, Capítulo VII, Art. 230).

     Na página 17 do Documento cita: “É de grande rele-vância a elaboração e aprovação do Estatuto do Me-nor, com base na Nova Constituição, a fim de atualizar o Código de Menores e garantir o efetivo atendimento de todos os direitos do menor, reconhecidos pela Carta Mag-na.” Na página 18, acrescenta: “A propósito, denuncia-mos o extermínio de crianças, jovens e adultos, nas ruas, periferias, favelas e subúrbios. Verdadeira pena de morte com requintes de perversidade, atinge sobretudo os po-bres e marginalizados.”

     Diante de tudo isto, como repensar a situação reinan-te em nossas ruas e canteiros públicos, com crianças em verdadeiras maratonas pela sobrevivência? Uma dicoto-mia, um paradoxo entre as Leis vigentes e a realidade observável. Sem esquecer a onda e propagação do Cra-que, verdadeira epidemia que vem  assolando nossa soci-edade.

     Providências se fazem necessárias antes que seja tar-de demais.

     Acorda classe política, sociedade, pais, Igrejas, pro-fessores, o mundo pede ajuda, clama por providências, antes que o planeta sucumba no CAOS da desordem.


 

 
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