Um Passarinho na Janela

Nídia Vargas Potsch

Ele veio silenciosamente pousar
no parapeito da minha janela.
Arisco, saltitante, curioso olhar,
pequenino e de penas amarelas.

Observou meu quarto por instantes,
levantou a cabecinha para o azul do céu
encheu o peito de orgulho passarinho
e começou um trinado afinadinho...

Ora devagar, ora ligeiro... bem compassado...
criando linda e suave melodia... Que fervor!
Como se estivesse chamando seu par, sua fêmea
ou cantando sua dor de amor...

De repente, fixa seus olhinhos em mim,
que imóvel, estava a apreciar o espetáculo.
Feliz por receber visita tão inesperada,
Boquiaberta de surpresa e plena de ternura...

Olha mais uma vez para o infinito,
torna a me olhar como a dizer:
Num lindo dia de sol e você só...
Vou cantar para seu "macho" encontrar...

Recomeça o trinado agora triste...
vai num crescendo até parar bruscamente
e olha-me novamente como a sorrir,
O novo canto soa alegre, estridente...

Saltita no mármore da janela, talvez quente do sol,
bate suas asas aprontando-se para a despedida
como se dolorosa fosse... e sempre o é...
Qualquer despedida é triste... nunca é fácil...

Então, oferece ligeiro seu último canto,
voa para o infinito azul do céu
onde continua sua nobre missão
de encantar corações apaixonados....

GRATA, SONINHA, PELO CARINHO DA LINDA FORMATAÇÂO!!!