O Casulo e a Borboleta


Atada a este casulo escuro, me encontro.
Ele sou eu, eu sou ele ...
Presa, refém deste enorme peso
Que em minhas costas carrego inteiramente só.
Ah! Borboleta, sem alento!
Solidária aos encantos teus, permaneci ...
E na profundidade do teu olhar cativante,
Que me envolve carinhosamente,
Com o brilho do amor, me perdi, deixei-me ficar.
Amalgamada numa eterna sina
Me tens em teia romântica.
Fechei-me hermeticamente pra Vida,
Esperando a hora de um chamado teu,
Que não chegou em tempo hábil ...
Como queria abraçar-te e dizer-te
O quanto te amo verdadeiramente,
Mas impedida de gritar, ao mundo, estou ...
Livra-me deste sufoco, só tu podes fazê-lo.
Deste grito preso na garganta,
Que me estrangula as entranhas.
Liberte minhas asas, emoções comprimidas,
Sentimentos, há tanto tempo sufocados de angústia e dor,
Permitindo que te diga alto e bom som:
Eu te Amo! Te Amo Demais!
A fragilidade humana é uma questão
Verdadeiramente pueril e delicada.
E no outono da Vida, ela se encontra sensibilizada,
Bem mais acentuada ...
A borboleta, que existe em mim,
Já passou do tempo de alçar lindos voos.
Mas precisa sair da clausura em que está,
Arrebentar as amarras de seu casulo
Para viver, amar e ser amada
Como outro ser humano qualquer,
Como qualquer um dos mortais ...
Ela deseja, tão somente, sair do limbo onde se encontra,
Construir seu ninho onde haja muito amor e total paz.
Não a deixes escapar mais uma vez!
E se a compreendes e a desejas,
Como penso que a queres,
Como tudo leva a crer,
Tua borboleta, exaurida,
Não a deixes nunca mais! Nunca mais!
E que o Mundo Inteiro saiba aplaudir de pé
Este magnífico amor que se perpetua
Nascido a partir de uma bela flor cor-de-rosa ...

Nídia Vargas Potsch
@Mensageir@
Rio de Janeiro - RJ - 24
/10/2007



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