Eu tenho um vaso desses enormes
Com rosas brancas, às janelas informes;
parecem-se com as estantes
onde guardo os meus livros… navegantes.
Logo p’la manhã ouço o cantar das aves,
junto a uns pinheiros e outras caves:
onde repousam raposas e gatos
e ainda espreitam desconfiados, alguns ratos.
Ainda hoje não descobri (sendo elas tão belas)
acostumadas do chão às querelas
o porquê desse desconfiar,
de algo puro assim, que me poe a sonhar?
Penso ser inveja, que os homens incentivam,
onde eles não chegam nem cativam,
o respirar com a alma e com o coração
do que está ali mesmo – à nossa mão?
Deixai-os à toa, incentivar há discórdia!
se olharem bem minhas rosas da concórdia
brancas tão brancas como o sinal da paz,
basta reparar no olhar de um sincero rapaz.
Diz-se: que quem muito fala pouco acerta,
que se o Homem não fosse tão fútil na perda,
não diriam cobras e lagartos
da beleza, um pouco mais acima, sem aparatos.
E chovem pedras, contra gatos e raposas,
rosas, porque não as têm pomposas:
e não usufruírem de tudo à sua volta
acabando por serem motivo de chacota.
Uns, fazem a cabeça dos demais
- pessoas e desavindos animais -,
usando para isso os degraus do inefável
convencidos de seu poder interminável.
Por isso todos os dias ponho água nas flores,
enquanto canto e conto histórias de amores…
porque esse deve ser o hábito a adquirir
e quando passar um vizinho - a vontade em sorrir.
Jorge Humberto
Santa-Iria-da-Azóia - Portugal - 14/02/2023
*Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com
a antiga ortografia.