Foram trinta anos seguidos a escrever
com centos e centos de amigos a não desdizer:
quantas e quantas portas por mim abertas -
a bel-prazer, ou por mim redescobertas…
Todas (os) se habituaram a minha franqueza
ao chamar as coisas pela sua dureza
e ao vir a terreiro defender um amigo
apenas por isso - estavam comigo:
Pela certa de que levavam o sábio troco
e jamais ouviríamos suas preces, súbito ou rogo.
Júlios Cáiser teimava; Nero dedilhava,
enquanto Roma ardia: e o mal solfejava?
Agora… agora - a certeza é minha e amiga;
os mesmos e novos irmãos não escutam intriga!
Porém, há uns três, quatro meses, que perdi a linha mestra
enlouquecido em mim; a mãe, é o que me resta.
E os que eu falho? Falta-me a coragem e responder
a tantos (as) amigos (as), que têm uma luz para acender,
mesmo que os cães famintos mostrem o dente
intimidando quem passava sorridente.
Para nada mais serei aqui preciso,
certeza absoluta, na luta sem siso:
é um mais que nada que para nada serve,
quando nem o que sei fazer, já nem mais aqui nasce a verve.
Continuarei a sonhar, bem assim como a amar:
e que eu alce do chão, num arco-íris até ao ar.
Não preciso pensar (mas é-me necessário)
E d’ora em diante tudo farei e pagarei o devido preçário.
Jorge Humberto
Santa-Iria-da-Azóia - Portugal - 21/05/2022
*Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com
a antiga ortografia.