Silêncio


Suave momento de reverência
à vida que, fatigada, repousa
em meus cerrados lábios...

Na rotineira solidão noturna,
sobrevivem as negras sombras
multiformes da imaginação.

Das distantes lembranças do
internato da infância, chega a
mim, agora, o doce e saudoso
tocar do sino da capela.

Ao seu som, morria timidamente a
noite entre os gélidos vales da cidade...

... e o sepulcral silêncio do oceano
deixava-se trair pelo lamento das
ondas rasgadas no profundo passar
do meu navio...

Dois momentos que se cristalizam,
por fim, nos meus ressecados lábios
castigados pela mudez cruel da noite.

Como meus gritos de amor que, ainda
obstinados, morrem agora lentamente
no absoluto vazio do meu silêncio...


Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ -
16/05/2007



 

 

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