Poema maior


É tarde.
Cansada você adormece em meus braços.
Imóvel me deixo envolver pelas ondas dos
seus cabelos cuidando para que as fortes
batidas do meu coração não atrapalhem
o seu sono.

Junto com a madrugada, furtivo, retorno a
uma época em que os anos não nos pesavam
tanto nem as mazelas da vida conseguiam
deprimir nossos sonhos mais ousados.

Músicas marcantes, momentos inesquecíveis
e antigos versos de amor atravessam as portas
entreabertas da minha alma e, também, se
aconchegam na ternura do nosso leito.

Com cuidado, afago seus cabelos ligeiramente
grisalhos e, como criança, imagino seus lábios
balbuciarem velhas cantigas de ninar...
Instintivamente você se envolve em meus
braços, já não tão rígidos, e esboça um sorriso.

A nossa respiração agora se confunde e não
resisto ao puro desejo de acariciar seu rosto.
Pequenas rugas delineadas em nossas faces
tentam denunciar a idade do nosso amor sem
se aperceberem que a eternidade, no amor,
não se calcula, simplesmente se vive.

Leio em seus pensamentos o desejo antigo
que lhe dedicasse um poema e, baixinho,
sussurro no seu ouvido:
- Você é o maior poema da minha vida...

Com ternura, cubro o seu corpo cansado,
beijo seus lábios e adormeço...

Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 01/09/2004




Fundo Musical: Dio come ti amo

 

 

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