Hoje, triste,
olhava para o céu...
Uma nuvem branca, densa e
pura, destacava-se no azul.
Docemente
caminhava, altiva,
fulgente, mas já acariciada pelo
suave vento da saudade.
Assim como um
amor que se nega
a acabar. Como uma flor que resiste
abandonar o seu perfume. Como um
olhar que se recusa a perder o brilho.
Pelo espaço
alternava expressivas
formas de prazer, de frustração,
de perplexidade... Formas da vida.
Formas vividas
nas cores das emoções
marcantes de quem passou, nobre, sereno,
sorrindo do sofrimento que, no fim, a
vida tentou lhe impor...
Lá segue ela.
Iluminada pelos últimos
raios de Sol que ainda aquecem suas
pegadas indecisas mas que, resignadas,
seguem o caminho do adeus...
Não pare, minha
solitária nuvem. Sei que
levas a alma doce do meu amigo em sua
última viagem. Aquele que, sorrindo,
deve estar me dizendo:
- Bambino, desta vez me pegaram...
Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 09/12/2005
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