Dilema


O silêncio se curva diante da noite.
Talvez uma tentativa de interferir
no que escrevo neste momento.
Disfarço. Assobio baixinho músicas
aleatórias do passado. De repente,
sinto que meus dedos diminuem a
cadência e se calam...

Eu, o silêncio e meus dedos. Somos
entes distintos em busca de novo
sentido para prosseguir.

Parados, sentimos apenas a luz do
abajur que pelas noites, compreensivo,
sem nada falar, apenas nos ilumina.

Qualquer movimento nos conduz ao
nada, ao vazio...
Nem mais o som enfraquecido do
assobio ganha vida. Que noite...

Busco, pelo menos, resquícios de
ilusões. Devem estar tão presos
ao passado que não respondem.
Decidido, levanto-me e, fingindo
determinação me questiono:
- Por quê tanta tristeza?

Eu e minha alma nos encaramos
por algum tempo e, mudos nos
contemplamos.

Ela, jovem. Eu velho.

Então, por fim, compreendemos.
Só um poderá prosseguir...
Qual?

Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 03/12/2005



 

 

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