Azul, Homem.
Rosa, Mulher.
Doce lembrança
de épocas em que a
ciência não antecipava o prazer da cor.
Infinitas cores que se abraçam no pequeno
mundo de bolas, chocalhos e móbiles...
Branca areia das
praias virgens onde o vento
descansa, despido da sua força destruidora,
nas desertas dunas.
Verdes ondas que, às vezes azuis, carregam
nossos pensamentos para a imensidão do mar.
Vermelho dos
ideais vibrantes do passado e
esquecidos em desbotada bandeira que, sem
a força do sonho, não vibra mais pelo antigo
desejo de uma sociedade mais justa.
Amarelo do ouro
que estimula a luta pelo poder
material dos obcecados pela ilusória riqueza.
Azul do firmamento onde, disfarçados, o repartimos
com as aves ou, diminutos e perplexos, tentamos
entender o distante segredo das galáxias.
Negro da noite
que se repete após cada dia,
felizes ou tristes, até o limite da nossa existência.
Prata do luar que, ora cheio, ora novo, incansável
e solitário tenta embelezar os caminhos do amor.
Vinho que, nas
festas da vida, compartilha a alegria
realçando o doce bater do coração.
Laranja, cítrica cor do calor apocalíptico das bombas
que caem em gomos mortais matando a essência da razão.
Roxo, síntese de
uma existência onde repousa, para sempre,
a eterna e incerta religiosidade do caminho final.
Mágica mistura
de todas as cores nas quais procuramos
um sentido do que é, realmente, viver...
Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 22/04/2004
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