SAUDADES
(Ary
Franco)
Noite alta. Apago todas as luzes para melhor apreciar as estrelas. Quanto mais fixo meu olhar no céu, maior quantidade delas se apresenta para mim. Vão surgindo aos poucos. Aquelas mais distantes levam mais tempo para trazer-me sua luz e compor o espetáculo celestial do firmamento.
O luar banha-me de prata, juntamente com as flores do meu jardim. Sentado no banco estou cercado por elas, farta nuança de cores e envolvente variedade infinita de olores.
Um vaga-lume rabisca na
escuridão
Uma mensagem que não
consigo ler.
Uma estrela cadente
joga-se ao chão.
Caiu tão longe, que não
consegui ver.
De súbito,
ela invade meu pensamento.
Consequência deste meu
isolamento.
Aliás, jamais deixei de
nela pensar
E de
mim também inda deve se
lembrar.
Tempo se foi em que nos
separamos.
Afagos e enlaces em que
nos amamos.
Ficou-me por companhia a
saudade
Arraigada em meu peito,
sem piedade!
Conseguisse eu, em meus
sonhos voar,
Iria juntar-me às
estrelas e de lá espiar.
Já se sentiria por um
outro apaixonada?
Com este novo amor
estaria conformada?
Uma brisa fresca parece
de mim se apiedar
Chega de mansinho e vem
meu rosto beijar.
Meu coração sente uma
batida descompassada.
Faz frio, mas só a
solidão tenho comigo abraçada.
Fundo Musical: Stardust - Ernesto
Cortázar