Pássaros não choram


Caído ofegante, no meio do caminho.
O que poderá ter acontecido contigo?
Tento pegar-te com o máximo carinho
Mas, assustado, foges de mim, amigo!

Não vou fazer-te nenhuma maldade
Vem comigo, só quero dar-te bondade.
Por Deus! Tens uma pata quebrada!
Talvez vítima de uma insana pedrada.

Já consigo segurar-te em minha mão.
Como treme seu pequeno corpinho...
Está acelerada a batida do seu coração
Não sabe chorar... é um passarinho!

Corro célere a um amigo veterinário.
De imediato tem a perna enfaixada.
Disse-me que tratava-se de um canário
E indicou-me o tipo de ração adequada.

Por dois meses, em gaiola apropriada,
Acompanhei a sua total recuperação.
Já gorjeava no início de cada alvorada.
Era o que podia dar-me como gratidão.

Cheio de alegria, chorando eu de verdade,
Lembro de quando lhe devolvi a liberdade.
Foi procurar em meio à toda passarada
Aquela que sentiu sua falta... sua amada!

Dois dias depois, logo ao clarear do dia
Acordo ouvindo uma canora melodia.
Corro ao quintal, lá estava ele empoleirado
Mas, desta vez muito bem acompanhado.

Com os olhos marejados por gotas de emoção,
Achei que veio mostrar à sua fiel namorada
Onde foi cuidado, impedido de sua locomoção.
Logo em seguida se foram em mansa revoada.

Ary Franco
(O Poeta Descalço)




Fundo Musical: Nightingale Serenade - André Rieu

 

 
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