Dia da Criança


Reverencio neste dia a figura da Criança.

Não aquela abastada, cheia de esperança.

Quero prestar meu carinho à abandonada,
Vítima de uma triste infância desamparada.

Gerada e vinda à luz para sofrer, padecer.
Vagando pelas ruas, adotada pelo tráfico.
Arrastada para um cruel destino trágico,
Sem uma só mão para ajuda lhe oferecer.

Se doente, morrerá sem qualquer assistência.
Segue em frente meu pobre pequenino.
Nunca tiveste a chance de ser um menino.
Mas Deus observa de perto a tua penitência.

Não tens origem, registro ou identidade,
Um duende anônimo vagando pela cidade.
Nós te chamamos de “moleque de rua”.
Teu teto é uma marquise, triste sina a tua!

Nas noites geladas embrulha-te num jornal.
Passam por ti e acham tudo muito natural.
Esta criança não tem uma casa pra morar?
Tem, mas prefere viver na rua e nos assaltar!

És um anjo sujo, maltrapilho e rejeitado.
Mas quando teu derradeiro dia chegar,
Haverá um lindo lugar pra ti reservado.
Acima daqueles que preferiram te ignorar.

Ary Franco
(O Poeta Descalço)

 


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