No altar da capela, à beira do exaurir, bruxuleante, Lembra a velha vela quando de sua chama iniciante. Ao seu lado, uma outra já foi colocada para a substituir. Luta agora contra a lufada da brisa que a quer extinguir. Foi feita para durar apenas sete dias, em curta existência. Mas quantos diante dela, contritos e ajoelhados, rezaram. A todos ouviu iluminando-os com inabalável indulgência. Muitas promessas foram feitas, sem saber se as pagaram. Vários vieram para agradecer as dádivas alcançadas. Uma mãe ofereceu a vida pela cura da doença de sua filha. Casais enamorados juraram perene união, de mãos dadas. Um cego agradeceu a Deus os quatro sentidos que inda tinha. Ao som da Ave Maria, fiéis oravam na missa iniciada. A imagem de Jesus Cristo crucificado santifica o Templo. O pavio curto da vela é consumido em pouco tempo. E envolta no espiralar da fumaça, a velha vela se apaga...
Ary Franco
|