Recebi em 14/12/2024 |
Sonho ver um jardim de muitas flores Com abelhas sugando o mel, sem medo, Com o sol, ou na sombra do arvoredo, Repleto, o ar, de perfumes e de odores. No canteiro, a pequena erva, viçosa, Não teme a companhia colorida Do cravo, ou da camélia tão garrida, Do grande girassol, ou duma rosa. Travesso raio de sol passa a ramagem E vai logo pousar, embora a custo, Nos pequeninos ramos dum arbusto, Para, ali, descansar dessa viagem. E a folha, agradecida pelo calor, Torna-se inda mais verde, mais macia, Ouve o gemer da brisa, e a poesia Que traz, no seu cantar, versos de amor. Nas árvores, com frutos sazonados, Há tanta ave trinando, a saltitar, Que os frutos são, para elas, um manjar Que o tempo forneceu com mil cuidados. Parece estar em festa a natureza, Que há, entre tudo e todos, harmonia, Se vive com prazer, com alegria, Agradecendo, a Deus, tanta beleza. Mas alguém, entretanto, se ergue, brada E, numa observação pouco amistosa: - Não aceito que chamem bela à rosa Quando ela está, de espinhos carregada. E eu, ante tais palavras belicosas, Respondi, pois custou-me acreditar: - Meu amigo, eu só me posso orgulhar Por saber que os espinhos têm rosas. António Barroso (Tiago) ![]() |