A ROTINA DA VIDA

(Crônica de Ary Franco)

 

E lá se foi o Natal! Entre beijos, abraços, sorrisos e acenos de adeus, todos voltaram para seus lares. A saudade deles já se junta à saudade dos que não vieram, que permaneceram para onde foram, naquela derradeira viagem de ida sem volta...

Os que vieram, cada um levou um pouquinho do que sobrou da ceia farta, deixando pra trás uma mesa vazia e o triste  silêncio de suas ausências. Uma única e divina presença se faz notar: Aquele que ficou, o Aniversariante, Nosso Senhor Jesus Cristo, que ao nosso lado permanecerá até o final de nossos dias, guiando nossos passos e iluminando nosso caminho. Assim o cremos, assim o será!

Presentes trocados, comércio e indústria contando os lucros auferidos e desta forma vai se desvirtuando, cada vez mais,  o verdadeiro significado do Natal.

Em tempos remotos, nas manhãs natalinas, eu e outras crianças exibíamos contentes, o presente ganho. Patinetes, triciclos, bicicletas, patins ou velocípedes e andávamos pela calçada congestionada de nossa rua. Havia sempre algum amiguinho que nada ganhara e nós deixávamos que ele desse “uma ou duas voltinhas” com o nosso brinquedo novinho (mas íamos correndo ao lado dele para tomar conta de algum eventual amasso. rsrsrs). Hoje, onde estão as crianças? Sentadas na frente de um computador com novos joguinhos, presenteados pelo Papai Noel Moderno.

Novos tempos, nova infância, nova juventude, novos adolescentes, nova era!  

 

Preparamo-nos agora para as festividades do “Réveillon” no qual depositamos esperanças, renovamos sonhos e faremos  grandes promessas. A partir do dia 1º de janeiro, uns vão parar de fumar, outros deixarão de ingerir bebida alcoólica, alguns farão dieta para emagrecer. Raríssimos levarão a cabo o cumprimento de suas promessas e tudo voltará a ser como dantes. Apenas os folguedos pela transmutação de um ano para outro, um simples mudar de folhinha em nosso calendário e o encher do nosso peito de alvíssaras é que marcará indelével este dia, nada mais além disso! 

 

Iniciado o ano novo, pensamentos se viram para as folias momescas. Confecção de fantasias, decorar a letra do samba-enredo, desfilar em Escolas de Samba ou viajar, fugindo do burburinho dessa inevitável orgia pagã (festa da carne para os mais radicais). Outros se isolam em retiros religiosos.

Não obstante, foliões fanáticos economizam boa parte de seus minguados salários para gastar o que não podem, o Governo aumenta substancialmente o seu erário, a rede hoteleira fatura como nunca, tudo por conta do Turismo e do bolso do carnavalesco que quer ter seus minutos de fantasiosa e apoteótica glória, desfilando na Escola de Samba do seu coração.

Tudo faz parte da controvertida raça humana, pensamentos independentes, cada um dono de sua verdade e vontade e, apegados a elas, exercem o seu livre arbítrio.

 

Vamos passar o 2012 no permeio da versatilidade de renovadas comemorações. Páscoa, Dia das Mães, Festas Juninas, etc... e nos chegará um novo Natal. Nada muda, tudo se repete, nada aprendemos ou evoluímos, reféns que somos da ROTINA DA VIDA.



Fundo Musical: Septemberg Song - Violinos Máagicos

 


 
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