Você se recorda de algum episódio
importante da sua infância?
De certa forma, as lembranças de fatos que marcaram os
primeiros anos, podem exercer poderosa influência na formação do nosso
ca-ráter, balizando nossas ações por toda vida.
Isso foi o que aconteceu com Norman, cuja história foi
publicada na revista seleções.
Conta Norman que, quando sua esposa ficou gravemente
doente, perguntou a si mesmo como poderia arcar com as dificuldades físi-cas
e emocionais e cuidar dela.
Numa noite, quando suas forças ameaçavam abandoná-lo,
veio-lhe à mente um episódio há muito esquecido.
Lembrou-se de quando tinha uns dez anos de idade e sua
mãe esta-va muito mal. Levantou-se no meio da noite para beber água e ao passar pelo quarto dos pais, observou a luz acesa e entrou. Viu que seu pai
estava lá, de roupão, sentado numa cadeira ao lado da ca-ma da mãe, apenas
olhando-a.
O que aconteceu, papai? Por que você não está
dormindo? Pergun-tou Norman.
E seu pai tranquilizou-o dizendo: não aconteceu nada,
filho. Estou apenas velando por ela.
Norman diz que não sabe explicar como, mas a lembrança
daquela cena antiga lhe deu forças para retomar a própria cruz. Conta co-mo
descobriu o episódio que marcou seu filho Jim, de quinze anos de idade. Diz
ele que num dia claro de primavera quando ambos pintavam a grade da
varanda, perguntou a Jim do que ele se lem-brava mais claramente.
Jim respondeu sem hesitar: “da
noite em que íamos de carro para algum lugar, só eu e você, numa estrada
escura, e você parou e me ajudou a pegar vaga-lumes.”
Depois de buscar na memória, Norman se recordou que
isso acon-tecera quando Jim tinha apenas cinco anos. Haviam parado para
limpar o para-brisa e foram cercados por uma nuvem de vaga-lu-mes.
Lembrou-se de que tinha um vidro no porta malas e que
ajudou Jim a colocar dentro dele muitos vaga-lumes, para depois destam-par o
vidro e deixá-los voarem um a um, enquanto ia falando ao filho da misteriosa
luz fria que aqueles insetos levam no corpo.
Daquele dia em diante, Norman passou a pedir aos
amigos que pen-sassem na sua infância e lhe contassem o que lembravam com
mai-or nitidez.
Um deles, filho de um diretor de empresa que passava
muito tem-po longe da família, falou da cena de que se lembrava nitidamen-te.
“É do dia do piquenique anual do colégio, quando meu
pai, nor-malmente muito distinto, se apresentou em mangas de camisa,
sentou-se comigo na grama, comeu o almoço frio e depois deu o chute mais
forte no nosso jogo de bola.”
Descobri, depois, que ele tinha adiado uma viagem de
negócios à Europa para ficar comigo.
Como Norman, seu filho e seu amigo, todos temos algo
para recor-dar ou para deixar marcado na alma dos nossos filhos. Os pais
po-dem, por seus atos ou palavras, comunicar emoções e experiências aos
filhos.
Podem deixar-lhes lembranças de coragem, e não de
medo; de for-ça, e não de fraqueza; de gosto pela aventura, e não de
retraimen-to ante pessoas e lugares estranhos; de calor e afeição, e não de
rigidez e frieza.
É precisamente nessas recordações que se enraízam as
reações e os sentimentos que caracterizam toda a atitude da pessoa com
rela-ção à vida. E aquilo que para o adulto possa parecer uma palavra ou um
ato banal é, para a criança, muitas vezes, o núcleo de uma lembran-ça
importante sobre a qual ela vai construir alguma coisa.
Assim, se você é pai ou mãe, procure encontrar a
energia, o tempo ou o entusiasmo extras para executar o projeto pequenino e
apa-rentemente insignificante, que é tão importante para seu filho.
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Redação do Momento Espírita
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