Questão de bom senso


            É impressionante como o ser humano do terceiro milênio ainda faz coisas que um mínimo de bom senso desaprovaria.

            É claro que não se trata da maioria, mas de uma parcela de pessoas sem compromisso com o bom, com o útil e com o belo.

            Estamos falando da nova moda que surgiu nos estados unidos e que algumas emissoras de televisão brasileiras resolveram importar.

            Trata-se da exposição de um grupo de pessoas escolhidas para conviver juntas numa casa, por determinado tempo, onde são observadas pelos telespectadores, graças às câmeras que registram tudo, 24 horas por dia.

            Que existem pessoas  ue se comprazem em expor a intimi-dade a terceiros, não há dúvida.

            Também não há dúvida de que existem aqueles que gostam de bisbilhotar a vida alheia.  São pessoas que sofrem de distúrbios  psicológicos  e como tal devem ser tratadas.

            Mas daí a se expor diante das câmeras para a população de um país ou ficar diante da TV observando as momices de alguns desocupados, é falta de bom senso ou do que fazer.

            Do ponto de vista das emissoras é de se pensar se não há  nada de bom, de útil ou de instrutivo para se veicular nesses horá-rios.

            E da parte dos espectadores, é de se questionar se não têm mais nada a fazer que possa dar utilidade às suas horas.

            Conviver mais com os filhos, caminhar ao ar livre, ler um bom livro, fazer uma visita a um amigo, a uma pessoa enferma, a uma instituição de caridade.

            A grande responsável por esses programas de má qualidade é a demanda. É a audiência. É o cidadão que permite que esse lixo seja despejado em seu lar, em sua sala de televisão.

            Isso nos parece muito lógico: se não houvesse o prestígio da população, não haveria interesse por parte das emissoras em veicular, já que divulgam o que o público pede.

            Século XXI... e ainda se perde tempo com coisas tão inúteis e até prejudiciais...

            Se os espectadores que assistem esse tipo de programa pudessem avaliar a importância do tempo que Deus lhes concede na presente  existência, certamente não o desperdiçariam com tolices dessa natureza.

            Dizemos que é prejudicial porque assistir televisão, sem critérios rígidos de seleção, pode entorpecer os sentidos, prejudicar a criatividade, a capacidade de conversar, de conviver.

            Ademais, esse tipo de programação cria a ilusão de que se pode penetrar a intimidade daquelas pessoas enclausuradas, e a de que se pode preencher o vazio interior e superar as próprias  frustrações, convivendo com um grupo de estranhos.

            É uma grande ilusão, pois os próprios participantes des-sas casas de clausura admitem que é impossível ser verdadeiros diante das câmeras.

           Dessa forma, uns fazem de conta que expõem a intimidade, e outros faze de conta que acreditam...

            Pense nisso e não ligue a televisão apenas porque ela está lá. Ligue-a somente quando houver algum programa que você real-mente queira ver, que lhe acrescente algo de bom, de belo, de útil, de instrutivo.

            Aqueles que participam desse "faz-de-conta" têm o interes-se financeiro, pois há um prêmio em jogo...

            As emissoras querem faturar, numa eterna guerra pela pri-meira posição nas pesquisas...

            E você, telespectador?

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            Se todas as pessoas usassem o bom senso antes de acionar o controle remoto da TV, selecionando as boas programações, as emissoras não colocariam no ar programas de má qualidade, inúteis ou prejudiciais.

           Assim como o voto é uma arma poderosa nas mãos do eleitor, o controle remoto é a única arma que poderá mudar essa triste realidade, e promover uma mudança na cultura das telinhas.

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