O rapaz estava desempregado. Fora despejado e dormia no carro. Carro, aliás, que ele não tinha, sequer, dinheiro para colo-car combustível.
Chegou o dia em que estava com fome. Sem dinheiro para comprar alguma coisa, desesperou-se.
Noite fria, estômago reclamando, entrou numa lanchonete. Como não
sabia quando seria sua próxima refeição, comeu a mais não poder.
Quando chegou a hora de pagar, fingiu que tinha perdido sua carteira.
Fez um barulho enorme e começou a procurá-la por todo lugar. Virou
a lanchonete de cabeça para baixo.
De trás do balcão o cozinheiro, que era também o dono do lugar, saiu
e foi até onde estava o rapaz.
Abaixou-se, fingindo que apanhava alguma coisa do chão, e
entregou
ao moço cem reais, dizendo-lhe: "acho que você deixou cair quando entrou."
O rapaz ficou mais confuso ainda, mas pagou a conta e saiu rapidinho.
"E se o dono do dinheiro aparecer?" - ele se perguntava, an-dando pela
rua.
Até que se deu conta que, na verdade, o dono da lancho-nete
fingira
achar o dinheiro.
Colocou gasolina no carro e rodou para outra cidade. En-quanto dirigia,
agradecia a Deus o gesto daquele piedoso desco-nhecido.
E prometeu que, se sua vida viesse a melhorar, faria aos outros o
que
aquele homem fizera por ele.
O tempo passou. Ele teve fracassos, reveses. Até que, afi-nal, as dores
da pobreza passaram.
Foi então que decidiu que era hora de honrar a promessa e cumprir o
voto feito naquela noite escura de inverno.
Pelos anos seguintes, ele iniciou sua jornada de doações. Queria dar, mas
não queria que as pessoas o agradecessem.
Começou a identificar pessoas realmente necessitadas. As-sim, a família
de um garoto de 14 anos, que sofria de leucemia, en-controu uma boa soma de
dinheiro em sua caixa de correio.
Uma viúva, com sete crianças e dois netos, foi surpreendi-da com várias
notas, colocadas embaixo de sua porta.
Um jovem que precisava de um transplante de pulmão res-pirou aliviado, quando em sua conta apareceu a expressiva soma que precisava para a cirurgia.
Ele pagou aluguel, prestações de carro, contas de merca-do, sempre sem aviso
e sem ficar por perto para elogios.
A sua alegria era a expressão no rosto das pessoas benefi-ciadas.
Agora só faltava agradecer a quem o socorreu, quando pre-cisou.
Procurou pelo dono da lanchonete, durante quase um ano. O local conhecido estava fechado.
Arranjou um encontro, dizendo-se historiador e que dese-java fazer uma
matéria sobre pessoas antigas daquela localidade.
Chegou carregado de presentes, além de avultada quantia em dinheiro. Ao se deparar com o seu benfeitor de outrora,
disse-lhe: "eu sou aquele
sujeito que você ajudou, 29 anos atrás. Você mudou a
minha vida, naquela
noite."
O ex-dono da lanchonete, agora aposentado, com 81 anos de idade, chorou,
tamanha emoção, ao lado da sua esposa, agora gravemente doente, lutando
contra um câncer e o mal de Alzheimer.
Por causa da situação, estava atolado em contas hospitala-res. O dinheiro fora mandado por Deus.
Para o antigo beneficiado era um simples gesto de grati-dão. Para aquele idoso o dinheiro era o acenar de um novo tempo, sem provações.
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Fomos criados para amar.
E importar-se com os outros é caminho para a felicidade.
Assim, sempre que possível espalhe bondade ao
seu redor O mundo em que vivemos depende dela.
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Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap.
O princípio do altruísmo,
do livro Muito além da coragem,
de Chris Benghue, ed. Butterfly
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